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"Tá ok?"

Hora da ação: os desafios de Bolsonaro em seis áreas

Nesta terça-feira, futuro presidente terá de trocar o papel de crítico de "tudo o que está aí" pelo de líder de uma nação envolta em problemas econômicos e sociais

Mateus Ferraz

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Sergio LIMA / AFP
Bolsonaro diz que, entre as suas obrigações, está oferecer Estado eficiente que faça valer a pena os impostos pagos

O início de 2019 marca o momento em que Jair Bolsonaro (PSL) deixa a figura de crítico de "tudo o que está aí" e passa a ser protagonista na busca de soluções para problemas históricos do país.

A guinada do Brasil à direita inclui extensa pauta conservadora nos costumes e liberal na economia. Entre os desafios, estão a articulação política com o Congresso e a superação da crise fiscal, gerando empregos e capacidade de investimento e reduzindo o rombo da Previdência.

Com a força dos 57,7 milhões de votos dados a Bolsonaro em outubro, aliados veem a popularidade como trunfo na negociação de pautas impopulares que dependem do Legislativo.

A lua de mel com eleitores e apoiadores de última hora pode não ser suficiente. Será preciso trabalhar na Câmara e no Senado para consolidar o apoio para pautas polêmicas, em especial às propostas de emendas à Constituição (PEC). Um exemplo é a reforma da Previdência, que, pelos planos do governo, começará a ser votada ainda no primeiro semestre.

– Bolsonaro vai precisar de bons negociadores. Não me parece que esteja colocando pessoas na articulação que tenham experiência e a confiança do Legislativo – avalia a professora de Ciência Política da Unicamp Andréa Freitas.

A equipe de negociadores será liderada pelo chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e inclui parlamentares que não renovaram seus mandatos na última eleição. 

A formação do primeiro escalão não foi negociada com os líderes dos partidos que deverão sustentar a base do governo. Em vez disso, Bolsonaro aceitou indicações de bancadas temáticas, mas esses grupos são mais voláteis em temas que fogem a suas áreas de atuação. Os partidos ganharam maior liberdade para indicar nomes no segundo e terceiro escalões.

No Congresso, a área da segurança trará desafios baseados em promessas de campanha. A redução da maioridade penal só poderá ser feita por PEC. Não menos polêmica, a flexibilização do Estatuto do Desarmamento também entrará na pauta. Apesar da expectativa de intensos e longos debates, especialistas no tema criticam o viés ideológico das discussões.

– No Brasil, direita e esquerda usam muita ideologia na segurança e pouca ciência. Não deveria ser uma questão de gosto, mas do que funciona – pontua o diretor-executivo do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke.

Cenário externo já mobiliza atenções

Na educação, novas regras para o Fundeb, principal mecanismo de financiamento, deverão ser definidas e votadas por deputados e senadores até o final de 2020. Educadores apontam a medida como a mais importante para equalizar as diferenças regionais no ensino. O projeto Escola Sem Partido, defendido por aliados do governo, deverá voltar aos holofotes depois de ter retornado à estaca zero.

Na política externa, antes de assumir o governo, Bolsonaro criou situações de desconforto com a China, após fazer discursos pró Estados Unidos, e com países do Mercosul. A intenção de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém gerou mal-estar com parceiros árabes.

Com o apoio das urnas para romper com o sistema político atual, a partir de agora Bolsonaro terá de ir além do discurso ideológico e provar que as receitas que apresentou durante a campanha serão suficientes para enfrentar as carências e desafios do país. 

– Bolsonaro terá de compatibilizar expectativas eleitorais, envolvendo a reinvenção de como se faz política no Brasil, e consolidar isso em termos concretos no dia a dia – diz Creomar de Souza, professor de Ciência Política da Universidade Católica de Brasília.

Clique para acessar as reportagens que detalham os desafios de Bolsonaro em seis áreas:


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