
A Seleção Brasileira foi goleada pela Argentina nesta terça-feira (25), em Buenos Aires, sofrendo a sua maior derrota na história das Eliminatórias.
A partida foi marcada pela ampla superioridade do rival e com dificuldades táticas que expuseram o trabalho insuficiente feito por Dorival Jr.
O Desenho Tático de Zero Hora analisa a goleada que teve a Albiceste implementando uma ideia esperada e com naturalidade para executá-lo como se a comissão técnica do Brasil tivesse sido surpreendida.
Escalações
Lionel Scaloni é acostumado a mudar a Argentina de acordo com seu adversário. Foi assim durante a campanha no título da Copa do Mundo no Catar.
Para o jogo contra o Brasil, no entanto, a imprensa do país antecipava a entrada de Rodrigo de Paul, poupado contra o Uruguai, no lugar do atacante Simeone para a equipe ter uma formação semelhante à usada diante da Croácia, na semifinal do Mundial.
A exceção em relação ao jogo com os croatas foi a ausência de Messi. A vaga foi ocupada por Almada. Os outros 10 jogadores foram repetidos.
Ou seja, a estratégia de Scaloni estava desenhada: muitos meio-campistas para trocar passes e tirar a velocidade diante de desfalques no ataque. Além de Messi, Dybala e Lautaro também estavam fora nesta data Fifa.
O plano de Dorival Jr.
Diante de um adversário com cinco meio-campistas e com a ideia de trocar passes, Dorival montou o Brasil com quatro jogadores de ataque.
No 4-2-3-1, a dupla de volantes teve André e Joelinton, com Raphinha, Rodrygo e Vini Jr. formando a linha de três por trás do centroavante Matheus Cunha.
Com pouca capacidade no meio-campo, o Brasil tentava subir a marcação, mas não presionava os zagueiros argentinos, que tinham os recuos de Paredes para formar a saída de três.
Inicialmente aberto pela direita, De Paul aparecia por dentro dando o corredor para o lateral Molina, que sempre teve liberdade.
De Paul não era pressionado e podia encontrar os passes para Enzo Fernández, Mac Allister e Almada. O ex-jogador do Botafogo foi outro com total liberdade para circular pelo campo sem ser marcado.
A rotação era constante entre os meio-campistas argentinos. O Brasil também falhava quando recuava o bloco.
No lance do primeiro gol, por exemplo, De Paul está atrás da primeira linha de marcação e tem tempo para dominar, levantar a cabeça e encontrar um lançamento para Tagliafico.
Além do lateral, Almada e Álvarez estavam livres. Foi o camisa 9 quem atacou a área para receber o passe de Almada e abrir o placar. Esse ataque à área é uma jogada típica da Argentina e se repetiu nos lances do segundo e do terceiro gols.

O segundo gol foi ainda mais constrangedor para Dorival Jr. A Argentina trocou passes por quase dois minutos sem nenhum brasileiro conseguir pressionar a bola.
Foram 34 passes até Molina cruzar para Enzo Fernández, em lance que expôs as falhas de marcação da defesa brasileira.
O camisa 8 argentino passa por trás da zaga para empurrar a bola para as redes após o cruzamento de Molina.

O erro de Romero deu a chance de Matheus Cunha diminuir para o Brasil na única finalização perigosa contra Martínez nos 90 minutos.
O gol não diminuiu a superioridade argentina. Os atuais campeões do mundo chegaram ao terceiro gol com Mac Allister ainda no primeiro tempo, após lançamento de Enzo Fernández encontrando a defesa mal posicionada novamente.

Mudanças e mesmo cenário
Dorival voltou para o segundo tempo com três trocas: Endrick, João Gomes e Léo Ortiz nos lugares de Rodrygo, Joelinton e Murillo. As mudanças não refletiram uma mudança de cenário.
A Argentina aumentou o domínio e finalizou o dobro no segundo tempo, chegando ao quarto gol com Simeone. O lance veio de uma falta rápida batida por De Paul, que virou o jogo e encontrou Tagliafico sozinho entre Savinho e Wesley.

Além quarto gol , Tagliafico, Álvarez, De Paul e Paredes perderam oportunidades de tornar a goleada ainda pior para o Brasil.
O 4 a 1 sofrido no Monumental de Núñez não pode ser tirado da conta da pouca organização do Brasil. Os campeões do mundo tiveram maior dificuldade em duelos recentes contra seleções como Uruguai, Colômbia e Paraguai.
A goleada escancarou como Dorival Jr. e sua comissão técnica têm trabalhado mal.