Copa do Mundo

Esportes

Dorival Júnior teve aproveitamento de 58% na Seleção Brasileira, não contou com Neymar e "desperdiçou" talentos

Treinador encerra passagem com sete vitórias, sete empates e duas derrotas

Estadão Conteúdo

Rodrigo Sampaio

JUAN MABROMATA / AFP
Técnico não resistiu à goleada para a Argentina.

Chegou ao fim o trabalho de Dorival Júnior à frente da Seleção Brasileira. O treinador não resistiu à derrota acachapante, por 4 a 1, para a Argentina e teve a demissão selada em reunião na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nesta sexta-feira. 

Ele encerra sua passagem pela Seleção com aproveitamento de 58%. Foram sete vitórias, sete empates e duas derrotas, com 25 gols marcados e 17 sofridos.

Dorival deixa o Brasil na quarta posição das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026, com 21 pontos, 10 atrás da líder Argentina, e sete à frente da sétima colocada Venezuela, que pegaria a repescagem hoje.

Sob o comando do treinador, o Brasil caiu nos pênaltis para o Uruguai nas quartas de final da Copa América.

Dorival foi anunciado como técnico da Seleção Brasileira em 10 de janeiro de 2024, poucos meses após levar o São Paulo à conquista inédita da Copa do Brasil, título que havia faturado no ano anterior com o Flamengo, junto com a Libertadores. 

Ele foi escolhido por Ednaldo Rodrigues pouco tempo depois de o dirigente ser reconduzido ao cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em momento de imbróglio na entidade. 

Antes, Fernando Diniz havia assumido como treinador de maneira interina enquanto a Seleção aguardava a chegada de Carlo Ancelotti, o que acabou não acontecendo.

A trajetória de Dorival

Rafael Ribeiro / CBF, divulgação
Endrick marcou o gol da vitória contra a Inglaterra, na estreia de Dorival na Seleção.

O início do trabalho de Dorival Júnior com o Brasil foi animador. A Seleção venceu amistoso contra a Inglaterra, por 1 a 0, em Wembley, e depois empatou por 3 a 3 com a Espanha, em Madri. 

Fazer frente a dois rivais da primeira prateleira do futebol mundial deram a esperança de dias melhores ao torcedor brasileiro. 

O treinador caiu em contradições e não conseguiu dar um padrão para o combinado nacional, fazendo o time piorar a cada apresentação.

Substituto de Neymar

BUDA MENDES / AFP
Neymar não conseguiu jogar com o antigo treinador.

Um dos primeiros equívocos de Dorival foi não ter encontrado um substituto ideal para Neymar e aguardar cegamente pelo retorno do atleta. 

O camisa 10 ficou mais de um ano fora por causa de grave lesão no joelho e não trabalhou com o treinador na Seleção. 

O treinador contava com o jogador nas últimas duas convocações, mas duas novas lesões tiraram o craque de ação.

Time sem referências

FEDERICO PARRA / AFP
Raphinha (E) e Vini Jr. (C) não conseguiram reproduzir no Brasil o mesmo nível de atuações que apresentaram em seus clubes.

Durante este período, Dorival foi incapaz de fazer Vini Jr. e Rodrygo, do Real Madrid, e Raphinha, do Barcelona, esbanjarem com a Amarelinha o mesmo talento apresentado em seus respectivos clubes. O time brasileiro ficou sem referências e se tornou uma equipe comum.

Incoerências do técnico

PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP
Falta de minutos pelo Real Madrid fez Endrick deixar de ser convocado pela Seleção Brasileira.

Dorival também demonstrou incoerência em determinadas situações, como no caso de Endrick

O jovem foi o responsável por dar a vitória sobre a Inglaterra e garantir o empate com a Espanha, mas não foi convocado pela falta de minutos em campo no Real Madrid. 

Porém, o treinador colocou o atacante em campo no intervalo da derrota para a Argentina, quando o Brasil já perdia por 3 a 1, sendo que o prodígio só havia sido chamado para suprir o corte de Neymar.

Ausência de um centroavante

Rodrigo ARANGUA / AFP
Igor Jesus chegou a marcara pela Seleção, mas ficou de fora da última lista.

A situação envolvendo Endrick também vai ao encontro da falta de convicção na busca pelo camisa 9 ideal. 

Dorival gostaria de contar com Pedro, mas o centroavante do Flamengo, assim como Neymar, também sofreu uma grave lesão. 

O treinador chegou a testar Igor Jesus, do Botafogo, que correspondeu com gol e assistência nos duelos com Chile e Peru, mas ficou fora da última lista — situação semelhante ao que aconteceu com Andreas Pereira, do Fulham, da Inglaterra, e Luiz Henrique, do Zenit, da Rússia.

Falso 9

JUAN MABROMATA / AFP
Matheus Cunha foi um dos falsos 9 testado por Dorival.

A solução encontrada por Dorival foi jogar em um esquema com um falso 9, testando o ponta João Pedro, do Brighton, da Inglaterra, e Matheus Cunha, do Wolverhampton, da Inglaterra, jogando por dentro, mas sem resultados. 

A presença de atletas de times do segundo escalão do futebol inglês na Seleção chegou a ser criticada por torcedores. 

Cabe ressaltar que a campeã do mundo Argentina, por exemplo, também conta com atletas de times de médio porte da Europa, e nem por isso apresenta um futebol abaixo da crítica como o Brasil.

Parte tática inconsistente

Do ponto de vista tático, o trabalho de Dorival também não demonstrou consistência. Foram testadas diferentes formações em busca do modelo ideal, desde um meio-campo com três volantes a um esquema com quatro atacantes. 

A Seleção conseguiu resultados mais apoiada na qualidade técnica dos jogadores do que em um estilo bem definido.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Sala de Redação

13:00 - 15:00