Moradores mais antigos de Caxias e região conhecem bem a história, tanto que ela se perpetuou por diversas gerações e segue sendo lembrada até hoje – especialmente próximo a Finados. Falamos do “menino milagreiro” Vasco Fochesato, o Vasquinho, falecido com apenas 11 anos, em 6 de abril de 1930.
Filho de Eugênio Fochesato e Adélia Panarotto, Vasquinho nasceu em 11 de fevereiro de 1919 e desde cedo demonstrou inclinação para o sacerdócio. Aos cinco, virou coroinha e, com seis, fez a primeira comunhão. Três anos depois, foi estudar no Colégio Santo Antônio, em Garibaldi.
Sua trajetória religiosa, porém, foi interrompida em março de 1930, após ele ser picado por um mosquito em um dos punhos e ter o sangue contaminado. Trazido para Caxias, o menino passou por duas cirurgias, mas acabou não resistindo – não sem antes ter fortes delírios nos momentos em que a febre tomou conta de seu corpo.
Começava aí a lenda e as peregrinações em torno do “Anjinho dos Altares”.
O TÚMULO
Conforme destacado pelos colegas Adriano Duarte e Aline Ecker, em uma reportagem especial na semana do Dia de Finados de 2019, o menino construiu uma capela em casa, onde se dedicava aos trabalhos religiosos e às preces e novenas. Com trajes de coroinha, também oficiava missas, o que fez aumentar a crença de que era milagreiro:
— Ele era considerado santo. As pessoas faziam promessas e acreditavam que pela fé que teve em vida e por ter morrido ainda menino, ele fazia milagres — lembrou na reportagem de 2019 o historiador Juventino Dal Bó, que visitou o túmulo de Vasquinho, no Cemitério Público Municipal, nos anos 1970.
Dal Bó recordou que o túmulo ficava bem atrás da capela, conforme vemos na foto abaixo, do início da década de 1930.
— Depois de um tempo, foi modificado, mas eu desconheço a razão. Alguns dizem que a família não queria aquela peregrinação — explicou o historiador.
LIVRETO EM 1936
Se hoje não há indicação da sepultura de Vasco Fochesato, entre os anos 1930 e 1950 seu túmulo recebia visitas constantes. Por conta das graças alcançadas e a ele atribuídas, devotos faziam orações e peregrinavam – em agradecimento ou buscando algum tipo de consolo.
Parte dessa história é contada no livreto "Vasco Fochesato - Um Amiguinho de Jesus-Hóstia", editado em 1936 pela Livraria do Globo e hoje integrante do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Os relatos originais da publicação de 86 anos atrás e as fotos do cortejo fúnebre saindo da Catedral Diocesana rumo ao cemitério, além da repercussão da morte de Vasquinho na Caxias de 1930, você confere na coluna Memória desta quarta, Dia de Finados.
SANTINHOS
Nas imagens desta página, vários dos santinhos e lembranças de falecimento de Vasco Fochesato, publicadas na década de 1930, após a sua morte. Os documentos integram o acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, parceiro da coluna Memória na divulgação desse relato.
Nas redes sociais da instituição (Facebook e Instagram) também é possível acompanhar o resgate da história de Vasco Fochesato. Caso você tenha mais informações e lembranças, entre em contato pelo e-mail rodrigolopes33@gmail.com.