Há 112 anos chegava a Caxias o primeiro carro fúnebre para uso nos sepultamentos da cidade. Foi um verdadeiro “acontecimento”, conforme destacado na edição de 5 de dezembro de 1908 do jornal “Gazeta Colonial”:
“Chegou afinal o carro fúnebre, tão ansiosamente esperado por alguns amigos, que já se mostravam impacientes com a demora...”
O pioneiro carro, na verdade, era uma charrete, e sua “estreia” foi recordada pelo historiador João Spadari Adami na crônica “Túmulos Velhos”, publicada no jornal “O Momento”, edição de 14 de setembro de 1946:
"Foi estreante do carro fúnebre Elizabeth Filipini (Cavanhim), sepultada no dia 23 de dezembro de 1908. Em frente ao cemitério, antes de ser retirado do carro o caixão, fotografaram-no, cuja foto ainda existe. Foi seu primeiro condutor João Luciano Mussoi, conhecido mais por João Gringo. Os vizinhos do primeiro boleeiro do primeiro carro fúnebre de Caxias, toda vez que voltava de um enterro, diziam-lhe que qualquer dia também ele seria transportado à última morada por aquele transportador moderno de defunto, pertencente à sociedade então ‘Principe de Napoli’, hoje Sociedade Caxiense de Mútuo Socorro, no que protestava dizendo que não iria nele."
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Rumo à cidade dos mortos
Na mesma crônica de 1946, João Spadari Adami detalhava o “passamento” de Mussoi:
“No tempo da espanhola (gripe), o carro estava na oficina Rech, para reforma e, o nosso saudoso João Gringo, vitimado por aquela epidemia, teve de contentar-se em que fosse seu cadáver transportado à cidade dos mortos à moda antiga, isto é, na carretinha do açougueiro”.
Na imagem que abre a matéria, o cortejo fúnebre de Elizabeh Filipini em frente ao Cemitério Público Municipal, com o carro conduzido por Mussoi (João Gringo). O grupo atrás é formado, entre outros, por Aristides Germani, Miguel Muratore, José Chiaradia e Giudita de Marchi.
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Fotos e informações desta coluna são uma colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.