Antônio do Amaral, Pierina Guerra, Israel dos Santos, Antonio Velho Rodrigues, Juliano Gollo, Giuseppina Frozza, Elídia Pizzamiglio Sartori, Vitor Pinto Graminho, Valdomiro Cabral. Aparentemente sem relação alguma, todos "repousam" juntos na entrada do Cemitério Público Municipal. No mirante acima do escritório, placas de porcelana e fotografias descartadas após os furtos de metais se enfileiram pelo parapeito, à espera do reconhecimento de algum parente ou conhecido. Algumas há anos.
– Os ladrões tiram a parte de metal, que revestia os modelos mais antigos, e descartam a foto e a porcelana. Daí uma equipe da Codeca, ou mesmo nós, vamos recolhendo e colocando ali – relata o chefe de setor do Cemitério Público, Paulo Staudt.
A quantidade varia, conforme a frequência de assaltos e ataques que rondam a necrópole municipal.
– As pessoas notam os ataques e vem em busca das fotos roubadas, daí indicamos que elas estão lá em cima. Algumas repõem as peças nos túmulos, outras levam para casa, como um valor sentimental – completa Staudt, projetando que neste Dia de Finados várias das peças sejam recolhidas por familiares.
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Aqui jaz
Mórbido à primeira impressão, o conjunto mescla as tradicionais fotos ovaladas, coloridas e preto e branco, com as datas de falecimento e morte, homenagens e discursos.
Algumas, porém, chamam a atenção pela mensagem. É o caso do texto contido originalmente na lápide do senhor Adolfo Kaiser, fotografada tempos atrás (imagem abaixo) e provavelmente já recolhida pela família:
"Aqui jaz Adolfo Kaiser (1-4-1915/ 18-6-1973). Recebe Deus meu no vosso reino aquele que nós choramos. Ó pai celeste, esquecei-vos de suas faltas, tende misericórdia de vosso servo Adolfo. Dai-lhe a paz eterna. Amém!".