Durante quatro anos de pesquisa, Idelene de Fátima Zattera buscou resgatar não apenas a trajetória familiar e as origens italianas, mas todo o legado que se iniciou em 1886, quando o tataravô, o imigrante Daniele Caberlon, aportou por aqui. É um resumo dessa rica história que destacaremos a seguir.
Filho de Giovanni Battista Caberlon e Giovanna Oro, Daniele Caberlon nasceu na comuna de Foza, província italiana de Vicenza, em 25 de abril de 1844. Já em 28 de novembro de 1866, aos 22 anos, casou-se com Angela Guzzo na localidade de Roverchiara, província de Verona. A decisão de cruzar o oceano rumo ao Brasil veio cerca de 20 anos depois, quando o casal deixou a Itália pelo Porto de Gênova.
Acompanhados dos nove filhos, Daniele e Angela chegaram ao Rio de Janeiro em 11 de abril de 1886, a bordo do "Vapore Brennero", então com 452 passageiros. Conforme destacado na pesquisa de Idelene, os Caberlon embarcaram em uma nova viagem em 17 de abril de 1886, saindo do Porto do Rio de Janeiro com destino ao Rio Grande do Sul.
A chegada a Porto Alegre deu-se no dia 23, com deslocamento imediato para Caxias, mais especificamente ao Lote 27 da 2ª Légua. Foi lá que, juntamente com um grupo de pioneiros imigrantes italianos, Daniele ajudou a fundar a Capela de São Martinho da 2ª Légua, também em 1886 (leia mais abaixo).
Comitê de eleições
Pouco tempo depois, em 1892, o italiano foi escolhido presidente do Comitê de São Martinho, uma das tantas comissões que auxiliavam nas eleições para a Presidência do Estado e para deputados federais. Parte dessa história foi destacada no Livro “Homens e Mitos na História de Caxias”, de Ângelo Ricardo Costamilan.
“Em Caxias, a essa mesma época, o Conselho Municipal se reunia em sessão extraordinária, especificamente para formar as comissões que iriam presidir a eleição de 15 de novembro seguinte, tanto para a Presidência do Estado como dos deputados federais que iriam preencher as vagas existentes no Congresso. Caetano Costamilan foi então nomeado, junto aos senhores Mansueto Serafini, João Batista Bampi, Daniele Caberlon e Albino Postali, para compor a 4ª Seção, sendo suplentes os senhores Luigi Facchin e Giovani Tobin. O resultado da votação trouxe de volta ao poder o Dr. Júlio de Castilhos.”
O imigrante generoso, de temperamento forte e espírito de liderança destacado pela tataraneta Idelene Zattera também foi muito bem descrito por Angelo Costamilan em seu livro de 1989: “homem valoroso, que era um marco de dignidade e de honradez, motivo de orgulho para seus descendentes, bem como aos que ainda habitam o torrão em que ele viveu”.
Nas imagens abaixo, a antiga residência de Daniele e Angela, em São Martinho da da 2ª Légua.
Fundação da Capela São Martinho
Na imagem acima vemos os 14 mentores da Capela de São Martinho da 2ª Légua, construída em homenagem ao padroeiro em 1886 – em pedra e barro. Junto ao padre Antônio Pertile estão os senhores Angelo Andoleto, Domenico Mezzomo, Daniele Caberlon, João Fruett, Girólamo Perussato, Luis Angonessi, João Angonessi, Francisco Angonessi, Giacomo Guerra, Antonio Guerra, Fortunato Debastiani, Carlos Debastiani, João Poloni e João Sentelegue.
Detalhe: o padre Antonio Pertile foi titular da Paróquia Santa Teresa (Catedral) e, posteriormente, cura de Conceição da Linha Feijó, onde faleceu em 1915.
Família e descendência
Daniele Caberlon e Angela Guzzo tiveram nove filhos: Giovanni Battista, Beniamino, Giovanna, Cattarina, Pietro, Maria, Antônio, Lúcia e Giuseppe. Na foto acima, a família de Giovanna Caberlon (filha de Daniele e Angela) e Luiggi Onzi, trisavós de Idelene Zattera. Na fila de trás estão Ema, Domingas, Melânia, Alfredo, Adele e Ana. À frente, Giovanna e Luiggi, ladeados por Angelina e Maria, em meados dos anos 1930.
Na imagem abaixo, de 1947, a família de Domingas Onzi e Francisco Perini (bisavós de Idelene), Domingas é filha de Giovanna e neta de Daniele Caberlon. De pé, da esquerda para a direita, estão João, Almerinda, Maria, Sétimo, Primo, Armando, Leopoldo, Gelindo e Claudio. Sentados, o casal Domingas Onzi e Francisco Perini, entre Gemma e Ana (à esquerda) e Claudina e Estela.
Falecimentos
Daniele Caberlon faleceu em 26 de julho de 1922. Angela Guzzo, em 14 de outubro de 1928. Eles estão sepultados no Cemitério de São Martinho da 2ª Légua.
Genealogia
A leitora Idelene de Fátima Zattera, autora de todo esse resgate, é filha de Diva B. Bettiato, neta de Gemma Perini Bampi, bisneta de Domingas Onzi, trineta de Giovanna Caberlon e tataraneta de Daniele Caberlon.
Participe
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