Integrante da exposição alusiva aos 145 anos de imigração italiana, em cartaz no Bourbon San Pellegrino, a imagem da vindima nas terras da família do imigrante italiano Ludovico Cavinato em 1918 alcançou tamanha repercussão que merece um registro especial. A partir do amplo compartilhamento da foto no Facebook do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, diversas informações e lembranças surgiram.
Conforme a direção do Arquivo, a imagem captada pelo jovem Giacomo Geremia em 1918 foi doada à instituição por dona Ermelinda Cavinato Giongo, uma das filhas de Ludovico Cavinato, em 1981 – cerca de 63 anos depois do registro. Ermelinda é uma das personagens da foto, cuja identificação completa você confere no quadro abaixo.
Na imagem aparecem três gerações da família, incluindo o senhor Angelo Cavinato (à direita, com a tigela na mão), ao lado do filho Ludovico Cavinato (com uma provável garrafa de vinho). Sentada entre as mulheres está dona Getúlia Bernardi Cavinato, com quem Ludovico teve 11 filhos: Armando, Érico, Oberdan, Ricieri, Walter, Anunciata, Doralice, Ermelinda, Italina, Romilda e Vanda.
Resgate em 2016
A trajetória do imigrante italiano Ludovico Cavinato foi recordada neste espaço em 2019. À época, a bisneta Caroline Guadagnin, uma das embaixatrizes da Festa da Uva de 2016, ajudou a resgatar a história da família.
Nascido em 5 de abril de 1877, Ludovico chegou ao Brasil por volta de 1891, juntamente com os pais e duas irmãs. Oriundos de Pádova, os Cavinato instalaram-se inicialmente no interior de São Paulo. Foi onde, em 1898, Ludovico casou-se com a também imigrante Getúlia Bernardi, nascendo dessa união 11 descendentes.
Naqueles primórdios, todos trabalhavam como agricultores meeiros até que, em 1918, fortes geadas atingiram os cafezais, fazendo com que o trabalho diminuísse. Foi então que, a convite do professor e amigo Antenor Gardenghi, Ludovico veio conhecer a Serra, trazendo posteriormente sua família.
Por aqui, começou a trabalhar na Cooperativa Agrícola de Caxias. Com o tempo, conseguiu adquirir um lote no Travessão Thompson Flores da 9ª Légua, posteriormente transformado em sua Granja Modelo, onde deu início ao plantio de videiras – exatamente o local da foto acima.
Colaboração
A coluna agradece a Caroline Guadagnin, bisneta de Ludovico e neta de Érico Cavinato, pelo auxílio na confirmação dos nomes e informações desta página.
Quem é quem
Graças à doação feita pela família, foram identificados quase todos os personagens da foto. A exceção foi o menino à frente, junto aos cestos. Também não foi obtido o primeiro nome do senhor Marchioro (o primeiro a partir da esquerda).
Você tem alguma informação extra? Envie para o e-mail do alto da página ou para o Arquivo Histórico Municipal, por meio da página da instituição no Facebook.
1. [...] Marchioro
2. Antonio Salvador
3. José De Carli
4. Anunciata Cavinato (esposa de José De Carli)
5. Romilda Cavinato
6. Ermelinda Cavinato
7. Armando Cavinato
8. João Salvador
9. Doralice Cavinato
10. Érico Cavinato
11. Ludovico Cavinato
12. Angelo Cavinato (pai de Ludovico Cavinato)
13. Luiza Salvador
14. Getúlia Cavinato
15. Ida Geremia
16. Duílio Geremia
17. Cecília Boza
18. Margarida Boza
19. Vanda Cavinato
20. Ernesto Salvador
21. Valter Cavinato
22. Elio Geremia
23. [...]
24. Antonio Salvador
25. Valentim Boza
Premiações na Festa da Uva
A partir dos ensinamentos repassados pelo então diretor da Estação Experimental de Viticultura e Enologia, Celeste Gobbato, Ludovico Cavinato começou a fazer enxertos para a produção de uvas finas. Tanto que mandou buscar novas mudas em Jundiaí (SP) e também na Itália, divulgando pioneiramente esse plantio aos demais agricultores.
Todo esse envolvimento rendeu uma atuação marcante no setor. Cavinato foi presidente do Instituto do Vinho, criado para controlar a venda, qualidade e preço do produto e mensalmente dirigia-se a Porto Alegre para tratar desses assuntos, juntamente com Joaquim Pedro Lisboa, presidente da primeira Festa da Uva, em 1931.
A qualidade das uvas e vinhas renderam a Ludovico Cavinato diversos prêmios e menções honrosas. Na primeira Festa da Uva, em 1931, ele participou como expositor de uvas da Estação Experimental. Na edição seguinte, de 1932, além de novamente expor, foi premiado com a 1ª colocação por ser o mais destacado agricultor.
Os parreirais, as uvas e a vida familiar ainda ganharam destaque em uma filmagem realizada em sua propriedade, com posterior exibição no Cine Apolo (antigo Cine Ópera).
Ludovico Cavinato faleceu em 3 de março de 1948, aos 70 anos.
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