![Mauro De Blanco / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação Mauro De Blanco / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/5/5/1/0/9/9/1_2a369d83dd517a2/1990155_2b488bca97eeb90.jpg?w=700)
Dando sequência às colunas sobre os antigos corsos alegóricos da Festa da Uva, resgatamos hoje um dos destaques do desfile da edição de 1954. Trata-se do veículo da empresa Evaristo De Antoni, cujos “simbolismo e originalidade” foram elogiados na edição de 4 de março de 1954 do jornal Diário do Nordeste (detalhe abaixo).
Além de uma prensa de uvas, a lendária fábrica de trilhadeiras, arados, semeadeiras e máquinas vinícolas levou para o corso a alegoria da passagem bíblica em que Josué e Caleb retornam com os frutos da terra prometida — aludindo à simbologia da imigração italiana e da própria festa. Encarnando os dois personagens, os meninos Lauro Susin e Júlio De Antoni, filho de Vicente De Antoni (irmão de Evaristo). Consta no texto original:
“Entre os inúmeros carros alegóricos que desfilaram domingo último em nossa cidade, e que primaram pelo bom gosto e originalidade das apresentações, ocupou sem dúvida especial relevo o que representava a firma Evaristo De Antoni & Cia Ltda, fabricantes das máquinas EDA - na linha de trilhadeiras e máquinas para a vinha. Representava o carro uma gigantesca prensa para uva, medindo quatro metros e meio de diâmetro. Um robusto agricultor movimentava o mecanismo desse tradicional utensílio de vinificação, enquanto que no interior do cesto da prensa, um seleto grupo de vindimadoras, gentis mocinhas de nosso meio social, trajadas tipicamente, entre sorrisos e canções regionais, distribuíam uvas ao numeroso público que se comprimia nos passeios laterais às ruas do desfile. Na parte posterior da grande prensa, graças a uma disposição mecânica muito bem delineada, jorrava fartamente o mosto de uva”.
O texto fez uma referência especial à passagem da Bíblia:
“Ao alto, alcandorados sobre uma ponte, dois robustos meninos (Lauro Susin e Júlio De Antoni), representando Josué e Caleb, carregavam um grande cacho de uva. Esta alegoria, bem original, representava a volta de Josué e Caleb da terra da promissão (Canaã), referida na história bíblica como um detalhe da fartura que lá imperava, quando o livro dos livros menciona que “traziam consigo muitas frutas e um cacho de uvas tão grande que eram necessários dois homens para carregá-lo".
![Gustavo Vieceli / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação Gustavo Vieceli / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/0/7/9/9/8/9/1_4b90b29645a8fc5/1989970_70b9cf2d41c8a2f.jpg?w=700)
![Jornal Diário do Nordeste / reprodução Jornal Diário do Nordeste / reprodução](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/1/8/9/9/8/9/1_8489fd0d7d7d2d5/1989981_83cc0b9c307abcb.jpg?w=700)
Pujança econômica
Conforme a reportagem de 1954, o carro da firma Evaristo De Antoni foi apreciadíssimo.
“Souberam seus idealizadores juntar dois motivos de grande feito: a propaganda da organização, através de um dos utensílios que fabrica e que se destina à vinicultura; e uma homenagem, ao mesmo tempo, à nossa Festa da Uva e à pujança econômica de nosso município, através da oportuna e bem lembrada alegoria bíblica”.
Trajetória
Nascido em 1895, em Caxias do Sul, Evaristo De Antoni faleceu em 23 de junho de 1954, três meses após o encerramento da Festa da Uva daquele ano. Texto veiculado no jornal “A Época” de 27 de junho de 1954 destacou parte de sua trajetória:
“Pessoa vastamente relacionada nos meios industriais, sociais e comerciais da cidade, seu passamento causou pesar a todos quantos o conheciam estimavam. Sócio-fundador da Sociedade de Fabriqueiros da Igreja de Santa Catarina, Evaristo De Antoni dedicou grande parte de sua vida àquela capelania, elevada, posteriormente, à Paróquia, graças também a seu trabalho e esforço. Continuador da obra de seu pai, Alexandre De Antoni, colocou ele a firma Evaristo De Antoni & Cia Ltda em alto nível de desenvolvimento e que desfruta do maior conceito em todo o Estado. O extinto deixa a prantear-lhe a morte a esposa, dona Aurélia D’Agostini De Antoni, e nove filhos: Alexandre, Ludovina, Maria, Armando, Dante, Arno, Nair, Elsa e Francisco”.
Evaristo De Antoni dá nome a uma escola e a uma rua no bairro São José, em Caxias.