Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
A página da empresa começa com “um pensamento sobre comida”. É a Impossible Foods (Comidas Impossíveis). Em seguida, perguntam: e se a carne viesse de plantas? Nós fazemos deliciosas carnes de plantas, com sabor de dar água na boca, com um baixíssimo impacto ambiental, se comparado à carne de vaca. Esperamos que você esteja com fome!
E continuam: nós comemos carne desde o tempo das cavernas. E ainda hoje muitos dos momentos mágicos acontecem em torno da carne: churrascos de final de semana, fast food à noite, taco às terças, cachorro-quente nos estádios. São momentos especiais e não queremos acabar com eles. Mas usar animais para fazer carne é uma tecnologia pré-histórica e destrutiva. A agricultura animal ocupa metade das terras do mundo, consome um quarto da água potável e destrói nosso ecossistema.
Salve a carne. E o planeta! Encontramos um caminho para fazer carne usando plantas. Jamais vamos matar animais de novo. Por esse caminho, todos podem comer a carne que quiserem. Coma hambúrguer feito de plantas! Salva o mundo. Junte-se ao movimento! Sinta-se bem mordendo um Impossible Burger. Sem animal, sem compromisso. Somente com um Impossible Burger, em vez de carne de vaca, estaremos usando cerca de 75% menos água, gerando 87% menos emissões de gases do efeito estufa e usando 95% menos terra.
Além de ter a cor, o formato e até o cheiro do hambúrguer tradicional, o Impossible Burger é produzido com ingredientes derivados de plantas, incluindo a proteína chamada heme, cultivada em um laboratório para imitar uma proteína encontrada no sangue. Também não contém hormônios ou antibióticos. E tem textura e aroma de um bife convencional.
Parece papo de hippie ou de algum jovem idealista vegano. Mas é uma poderosa startup que surgiu em Oakland, Califórnia, nos Estados Unidos, em 2011, e que já abastece mais de três mil restaurantes e produz mais de 250 toneladas de carne e laticínios à base de vegetais por mês. Sem matar uma vaca. E os investidores são nomes como Bill Gates, UBS, Khosla Ventures, Li Ka-shing (terceiro mais rico da Ásia), Horizon Ventures, Viking Global, que já colocaram U$ 450 milhões. Além deles, outras empresas, como a Just, lançaram um substituto ao ovo mexido, feito de feijão, a Ripple, que faz produtos lácteos à base de ervilhas, e a Beyond Meat, que fabrica produtos alternativos a carne, frango e salsicha.
É mais um setor em disrupção. E uma grande ameaça à carne, um dos principais produtos de exportação do Brasil que, junto com soja, minérios de ferro e açúcar, representam grande parte do dinheiro que entra no país e sustenta tudo o que precisamos importar. Como não investimos em pesquisa, nossa pauta de exportações, onde predominam as commodities, tende a ficar cada dia mais restrita.