Por Dom Jaime Cardeal Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Natal: Deus assumiu rosto humano, convidando-nos a contemplar a grandeza de seu amor na simplicidade da manjedoura. No rosto do Menino se realiza o encontro do ser humano que busca a Deus e de Deus que busca o ser humano. No Menino de Belém se expressa a saudade infinita por um encontro totalmente plenificador. No presépio, assistimos à manifestação “da bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pela humanidade” (Tt 3,4). Em Jesus Cristo se realiza o projeto de Deus de assumir a natureza humana, e o projeto humano de participar da natureza divina.
Com os pastores, Maria, José e o Menino foi inaugurada uma nova fase da história
O Natal nos convida a acolher o menino nascido em Belém. Ele é o “Principe da Paz” (Is 9,5)! Manifesta-se desarmado e, no entanto, “seu domínio será grande e a paz não terá fim” (Is 9,6). No seu rosto se encontram traços do rosto de crianças e adolescentes que choram por causa da fome, da miséria, da violência, das drogas, das guerras, suplicando acolhida, atenção, respeito, pois também têm o direito de um futuro melhor. Maria viu, no rosto do menino Jesus, o sonho de um mundo renovado.
Acolhamos o mistério do Natal! Abramos o coração e a mente a fim de, inspirados na ternura daquela criança deitada na manjedoura, permitir renascer nossos sonhos e escolhas em prol de uma sociedade mais fraterna e solidária.
Com os pastores, Maria, José e o Menino foi inaugurada uma nova fase da história, marcada pela solidariedade de Deus em favor de todo ser humano. Solidariedade que vigorosamente experimentamos após a tragédia climática que se abateu sobre o Rio Grande do Sul no último mês de maio.
Celebrando o Natal, recordamos também os imigrantes que cooperaram na construção do Estado. Muitos chegaram trazendo dois valores: a coragem e a fé! Inspirados por estes mesmos valores, tendo presente no horizonte a estrela da esperança, haveremos de construir de forma nova o que precisa ser construído. Reconhecendo a Deus que se manifesta na criança de Belém, abramos espaço, ambientes, momentos de nossa existência para que no cotidiano percebemos a alegria de Deus. Abençoado Natal!