O adiamento das liberações de crédito para grandes empresas provoca frustração no Estado que tem pressa para tudo, especialmente para reconstruir. Mas se o motivo alegado para a medida é a tentativa de empresas não habilitadas de burlar regras, há um alerta para os gaúchos.
Por décadas, ouvimos falar na "indústria da seca" no Nordeste. Em nome da falta de chuva para garantir a subsistência, surgiram mecanismos para explorar a situação, retirando recursos de quem realmente dependia de ajuda.
Não podemos criar uma "indústria da enchente".
Não só porque é ilegal e desleal. O desafio deste Estado ambicioso é "ser modelo a toda terra" há muito tempo. E agora chegou a vez de colocar em prática essa ousadia. É preciso buscar lições já aprendidas em outras latitudes, de New Orleans à Holanda, passando por Santa Catarina. Há ensinamentos sobre o que fazer e o que não fazer.
O maior desastre climático do Brasil - país visto como parte das soluções para a transição energética -, pode permitir que se assimile o melhor de cada experiência prévia. E ao processá-las com nossos saberes, transformar a reação a uma tragédia em "modelo a toda terra", como dizem empresários, pesquisadores, empreendedores sociais e economistas gaúchos, brasileiros e estrangeiros.
Temos o dever de aplicar bem dinheiro de todos os brasileiros. Não apenas o que chega na forma de doações, mas também o que é repassado pelos governos federal e estadual. A origem das verbas públicas é o tributo de todos nós, mas isso não dá direito a reapropriação. Até para cobrar a boa administração do orçamento, sem gastos desnecessários que gerem inflação, temos de demandar o que é necessário. Somente o que é necessário.
Há de ser apenas falta de informação clara.