Gaúcho de Erechim, Celso Pansera é presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), mais conhecida pela sigla do que pelo nome completo, especialmente por seu papel de apoiar o desenvolvimento da inovação. Na sexta-feira (21), Pansera virá ao Estado com a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, para anunciar apoio a esse segmento. À coluna, antecipou alguns pontos. Além da Finep, Pansera também preside a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).
Há grande preocupação de que não haja retrocesso no desenvolvimento da inovação no Estado. Como a Finep pode ajudar?
Na semana seguinte ao desastre, a Finep já começou a adotar medida. A primeira foi adiar em 12 meses o prazo de vencimento das cerca de 400 empresas gaúchas que têm financiamento com nossos fundos. É para todas as que foram impactadas pela enchente. São cerca de R$ 465 milhões que venceriam nos próximos 12 meses e ficarão nas empresas para que não tenham de fazer esse desembolso agora. Os vencimentos de maio foram todos cancelados, independentemente de a empresa pedir.
Há novas linhas?
Aprovamos há poucas semanas uma linha de R$ 1,6 bilhão para recuperação da infraestrutura de empresas inovadoras. É destinada a empresas incubadas em universidades ou parques tecnológicos, com patentes depositadas, que acessam a Lei de Informática ou já tomaram recursos com a Finep nos últimos 10 anos. Enfim, para empresas que têm histórico de inovação.
Qual é o custo?
Juro de 1,7% ao ano, com remuneração ao banco de 5% ao ano, relativa à taxa de risco (spread). É um recurso ainda muito barato. Não é para capital de giro (recursos usados no dia a dia das empresas). É para recuperar a infraestrutura de produção (prédio, equipamentos).
Como será o acesso?
Pelos bancos de desenvolvimento do Estado, BRDE, Badesul, Banrisul e os cooperativos instalados no Estado. As empresas devem procurar essas instituições, apresentar a demanda, o banco aprova e a gente libera o recurso.
Já está em operação?
Sim, devemos assinar os primeiros contratos na sexta-feira (21). Sabemos que há pelo menos três prontos, outros podem ser concluídos até lá. Vamos também explicar essas linhas, debater e ouvir os bancos. A Finep investiu cerca de R$ 3 bilhões nos últimos anos no Estado.
Queremos colocar recursos à disposição de forma muito ágil para o ecossistema de inovação que vem se consolidando e amadurecendo no Estado.
Depois da assinatura, os recursos já são liberados?
Ficam disponíveis em seguida. Queremos que as empresas procurem os bancos, também estamos aumentando os limites. O Banrisul já tem um bom limite conosco, mas se quiser ampliar, poderá. O BRDE vai assinar uma ampliação na sexta. Queremos colocar recursos à disposição de forma muito ágil para o ecossistema de inovação que vem se consolidando e amadurecendo no Estado. Sabemos que produtos de tecnologia precisam de agilidade, velocidade, senão perde o timing.
Pode haver outro tipo de apoio para evitar o risco de retrocesso?
Se houver demanda maior do que os recursos disponíveis, vamos buscar mais. De fato o Rio Grande do Sul avançou muito nos últimos anos na geração de empresas inovadoras. A infraestrutura científica do Estado é uma das melhores do Brasil. Os parques tecnológicos acessam nossos recursos. Recentemente fizemos desembolsos de cerca de R$ 60 milhões para a Furg, as federais de Pelotas e de Passo Fundo e o Tecnopuc. Esse fluxo vai continuar. A ministra vai fazer anúncios de infraestrutura científica, que não posso antecipar. Vamos ajudar a recuperar a capacidade de inovação do Rio Grande do Sul.