O documento que a comitiva de especialistas holandeses que está em Porto Alegre com a missão de avaliar o sistema de proteção contra enchentes deve recomendar, a curto prazo, melhor previsibilidade do nível de elevação dos rios e uma governança relacionada à gestão hídrica capaz de conectar prefeitura, governo do Estado e União. O prazo acertado para a conclusão do trabalho é de quatro semanas, mas o documento deve ser entregue antes, possivelmente até o dia 22.
Essas informações foram obtidas aqui na Holanda, onde o Grupo RBS está desde segunda-feira (10).
A comitiva desembarcou no dia 5 em Porto Alegre com o objetivo de compreender as causas e efeitos da inundação, avaliar a estrutura existente, formular um diagnóstico e elaborar sugestões sobre como a cidade deve lidar com as cheias. Os especialistas integram o programa Redução de Risco de Desastres (Disaster Risk Reduction - DRRS), com sede em Haia. O grupo também se encontrou com o governo do Estado e pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da UFRGS.
Conforme a coluna apurou, serão elencadas medidas a curto, médio e longo prazos. Emergencialmente, Porto Alegre precisará elevar sua capacidade de previsão das cheias do Guaíba. Uma ação que será recomendada é aumentar a precisão das medições - por exemplo, ter mais pontos para a aferição do nível do lago - e não apenas um, atualmente localizado próximo à Usina do Gasômetro, o dado oficial.
A segunda recomendação, relacionada à governança, é no sentido de os governos municipal, estadual e federal criarem algum tipo de interlocução: um ponto de contato, funcionário ou organismo capaz de interagir entre todos. Divergências políticas são entendidas como um desafio para o cumprimento desse objetivo. O ideal, na visão dos pesquisadores, é que o tema das águas receba uma atenção em nível de Estado - e não de governos.
Não serão apenas essas medidas a serem recomendadas, obviamente. O relatório técnico será detalhado e longo. Mas essas ações são consideradas fundamentais - a primeira delas, a questão da previsibilidade, é tratada como emergencial.
A cooperação não tem custos para a prefeitura. A viagem foi viabilizada pelo governo holandês. Nos bastidores, fala-se que é muito provável a assinatura de um termo com o governo municipal - ou com o governo do Estado - para apoio técnico na elaboração de um projeto de melhoria do sistema. Os recursos viriam via financiamento de organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).