Uma comitiva de especialistas holandeses desembarcou nesta quarta-feira (5) em Porto Alegre com a missão de avaliar o sistema de proteção contra enchentes. Em uma semana, o grupo planeja compreender as causas e efeitos da inundação, avaliar a estrutura existente e formular um relatório com sugestões voltadas à melhoria do arcabouço técnico da Capital para lidar com as cheias.
No primeiro compromisso em solo gaúcho, os holandeses foram recebidos pelo prefeito Sebastião Melo e pelo diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss. Doutor em Planejamento de Recursos Hídricos, o reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, também participou do encontro.
Após a reunião, o engenheiro Ben Lamoree, líder técnico da missão holandesa no RS, afirmou que o grupo apresentará um relatório com uma análise técnica e institucional sobre o sistema e com sugestões de estudos e procedimentos necessários para ampliar a proteção de Porto Alegre.
— Temos aqui uma equipe com grandes especialistas, cada um com décadas de experiência em sua área, para fazer uma análise rápida e dar recomendações em linhas gerais que podem nortear o desenvolvimento necessário — explicou Lamoree, conselheiro da Agência Empresarial Holandesa (RVO) para áreas como Adaptação às Mudanças Climáticas Urbanas e Recuperação Pós-Desastre.
Além de Lamoore, fazem parte da missão outros três especialistas em drenagem, manejo de águas e obras de recuperação, além da cônsul-geral dos Países Baixos, Wieneke Vullings.
O grupo terá reuniões com o governo do Estado, o governo federal e instituições envolvidas com a proteção a enchentes, como o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS entre quinta (6) e sexta-feira (7). Para sábado (8), está prevista uma série de visitas de campo para que os especialistas conheçam os diques, as comportas, as casas de bombas e outros elementos do sistema da Capital.
A cooperação não tem custos para a prefeitura, e a viagem foi bancada pelo governo holandês. Os especialistas integram o programa Redução de Risco de Desastres (Disaster Risk Reduction - DRRS), com sede em Haia e vinculado à RVO, que atua na mitigação dos impactos de desastres relacionados à água e ao clima em todo o mundo. No ano passado, o grupo firmou termo de cooperação com a prefeitura de Recife (PE), que sofreu com enchentes em 2022.
De acordo com Sebastião Melo, o diagnóstico apresentado pelo grupo deve considerar tanto obras de "curtíssimo" prazo, como a recuperação de diques afetados, quanto na preparação para lidar com eventos climáticos semelhantes no futuro.
— Talvez o nó mais difícil seja definir como enfrentar obras médias e grandes se não houver uma institucionalidade. O prefeito não pode dizer que é com o governador, e o governador dizer que é com o presidente. Precisamos encontrar uma institucionalidade para nos conduzir, que não pode ser uma coisa apenas de um governo — afirmou o prefeito.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Germano Bremm, a prefeitura firmará um termo de cooperação com a representação holandesa para formalizar a parceria.
Com boa parte do seu território abaixo do nível do mar, o país europeu se tornou referência global na gestão de águas e na segurança contra inundações.