A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária de Porto Alegre interditaram nesta sexta-feira (20) uma clínica odontológica clandestina, no Bairro Jardim Leopoldina, na zona norte da Capital. O estabelecimento não possuía alvará e nem liberação para exercício das atividades. Ninguém foi preso durante a ação.
A reportagem de Zero Hora apurou que se trata da Clínica Odonto Saúde, na Estrada Martim Felix da Cunha. O empreendimento pertence ao empresário Claudio Gerardo Cortes Casales, mas era administrado pela esposa dele, identificada como Janair Brum. Ela também foi gerente de outras quatro clínicas fechadas, com o mesmo nome, em operações anteriores da Polícia Civil.
O local não possuía alvará do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO-RS) e nem liberação da Vigilância Sanitária municipal.
A clínica interditada nesta sexta funcionava dentro do espaço que seria o de uma garagem. A polícia também investiga o fornecimento de atestados falsos, com o uso de carimbos de médicos que não trabalham no local, além das constantes trocas de endereços para praticar as irregularidades. A unidade também não possuía materiais para esterilizar os equipamentos.
A responsável pelos procedimentos odontológicos tem certificado para atuar como técnica em prótese dentária, não como dentista. Ela foi identificada como Juliana Garcia Xavier. Conforme a polícia, a mulher atua irregularmente na área há cerca de 10 anos.
Os celulares da funcionária e o da clínica foram apreendidos durante a operação. Além deles, o aparelho que era utilizado pela técnica para a venda de atestados foi alvo de apreensão.
Em um dos prontuários médicos obtidos pela polícia, foi possível identificar que Juliana utilizava o registro profissional de outra pessoa, com o nome semelhante e que atua no Estado.
Os três serão indiciados pela polícia por risco à saúde pública, exercício irregular da profissão, falsidade ideológica, além do crime envolvendo a venda de atestados médicos falsos.
Zero Hora tentou contato com os envolvidos, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem. As defesas dos alvos da ação não foram localizadas.
Outras duas clínicas fechadas
Segundo o delegado Cleiton Munhoz, responsável pela 18ª Delegacia de Polícia da Capital (18ª DP) a investigação teve início há um mês, quando a polícia identificou que o proprietário do local havia fechado outras duas clínicas do mesmo modelo, em condições precárias. Segundo ele, ao menos cinco endereços foram descobertos, mas apenas este, fechado nesta sexta, estava ativo.
— Não é a primeira vez que eles fazem isso. Eles mudavam os endereços para fugir da fiscalização da polícia, mesmo estando inaptos, incluindo os CNPJs. Hoje, eles não escaparam. Nós havíamos ido ao Conselho de Odontologia após as denúncias e só não realizamos prisões porque não havia, por exemplo, medicamentos. Para entrarmos com preventiva ou flagrante, teria que ter algum tipo de produto que não estivesse no rol da Vigilância Sanitária — disse o delegado.