Um dos nomes fortes do governo de Michel Temer, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, optou por não disputar as eleições deste ano – ele é senador pelo Mato Grosso. Decidiu permanecer no cargo para dar continuidade às políticas e às ações que vinha desenvolvendo. A decisão evitou que houvesse mudança no comando na pasta do setor que tem papel fundamental na economia brasileira: o agronegócio.
Resta saber, no entanto, como repercutirá a denúncia apresentada ontem pela Procuradoria-Geral da República, de corrupção ativa. Ainda não há condenação, muito longe disso, mas a decisão poderá trazer instabilidade onde se imaginava estar com o terreno mais tranquilo.
A acusação refere-se ao período em que ele era governador do Mato Grosso, de suposto esquema de venda de vagas no Tribunal de Contas do MT.
A notícia também chega em um momento delicado. O Brasil vem tentando derrubar a suspensão imposta pela União Europeia (UE) a 20 frigoríficos de frangos. E está disposto a abrir um painel na Organização Mundial de Comércio (OMC) para brigar contra o que considera uma barreira comercial disfarçada de argumento técnico. Blairo vem justamente liderando essa frente em defesa do produto brasileiro.
É pouco provável que Temer pense em mexer nesta importante peça do seu tabuleiro – até porque, foi-se o tempo em que denúncia era tida como pré-requisito para exoneração. O ministro também conta com apoio maciço do segmento, que vê nele uma referência. Blairo, que é agrônomo, tem origem no agronegócio, onde ajudou a erguer um conglomerado, ao lado do pai – a Amaggi tem de lavouras à geração de energia elétrica. Ou seja, ele conhece bem o setor que coordena. E o fato de ser da iniciativa privada também faz com que imprima um ritmo diferente à tradicional burocracia do setor público.
Maggi se manifestou apenas por meio de nota. Questionou a denúncia agora apresentada argumentando que se trata de fato antigo, que já foi objeto anterior de investigação, "arquivado a pedido da própria PGR". Acrescenta ainda que não houve apresentação de novos argumentos ou provas.
No ano passado, quando veio à Expointer, ficou no fogo cruzado de perguntas dos jornalistas sobre outra acusação, feita pelo ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Geraldo Riva (PSD), de que havia um mensalinho na época em que Blairo era governador . Na ocasião, respondeu:
— Sou produtor rural, não vivo do cargo de ministro, não preciso do cargo.
Diante de novo desgaste à imagem, fica a dúvida se ele manterá a mesma posição.