Foi sem nenhuma enrolação que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, respondeu sobre o que pode fazer para modificar as relações do Brasil no Mercosul, ação considerada fundamental para diluir a crise vivida pelos produtores de leite:
– Estamos de mãos atadas.
O argumento dos produtores e da indústria é de que as importações prejudicam a produção brasileira de leite – e também de arroz. Blairo e o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, defendem a necessidade de alteração no acordo do bloco, mas explicam que é uma questão sobre a qual a pasta não tem ingerência – é papel das Relações Exteriores.
Na parceria comercial com a Argentina, por exemplo, o Brasil tem superávit de US$ 8 bilhões. No agronegócio, o retrato é outro: déficit de US$ 3 bilhões.
– O Mercosul é importante? É. Exportamos muito pelo bloco. Mas quem está pagando essa conta é o produtor – avalia Geller.
Ambos oferecem apoio para pressionar o Itamaraty. A sugestão é, ainda, para que os três Estados do Sul unam forças nessa briga.
– Daqui a pouco, pressionando, eles virão com outra solução, que pode gerar uma reação, para achar um caminho – avalia Ernani Polo, secretário da Agricultura do Estado.
Blairo ouviu muitos pedidos de representantes dos setores de leite, arroz, trigo e suínos. Presente no encontro, Tarcísio Hübner, vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, deu pelo menos uma boa notícia: produtores de leite poderão renegociar financiamentos de custeio – pagar 20% e prorrogar o restante em três parcelas anuais – e de investimento – adiado por um ano.
Digo aos produtores que fico
Na passagem pela Expodireto-Cotrijal, Blairo reafirmou que não será candidato às eleições deste ano.
O empresário e produtor rural, que ocupa uma cadeira no Senado, já havia tomado a decisão quando recebeu convite do presidente Michel Temer para ficar à frente da pasta.
E há ainda outro fator que pesou na hora da avaliação:
– Teríamos um novo ministro de abril até 31 de dezembro, e outro em janeiro de 2019. Seria uma descontinuidade de tudo o que foi feito. Sou do setor, sei o quanto isso atrapalharia as coisas que estamos tentando fazer em termos de sanidade e de fiscalização.