O Brasil tem argumentos suficientes para abrir um painel na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra a União Europeia (UE). Esse foi o diagnóstico feito por advogada contratada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ainda em 2017, logo após a primeira Operação Carne Fraca. A entidade queria ver se tinha em mãos elementos para entrar com ação contra o bloco.
– Foi feito um parecer, com a conclusão de que temos um caso – explica Ricardo Santin, vice-presidente de mercado da ABPA.
Esses dados estão sendo colocados à disposição do governo brasileiro, para servirem de subsídio na batalha que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pretende travar na OMC.
Para ser concretizado, o painel precisa da anuência do Ministério das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. E, ao mesmo tempo em que investe nessa artilharia mais pesada para tentar resolver o problema criado com a suspensão de 20 frigoríficos brasileiros para exportação à Europa, o Brasil também não abandonou a negociação.
Santin está desde domingo na Europa. Conversou com o adido agrícola brasileiro em Bruxelas e com integrantes do The International Poultry Council (IPC):
– Vamos preparar o painel, mas queremos negociar. Os clientes também estão preocupados com a situação.
Da mesma forma, sindicatos de trabalhadores nas indústrias querem fazer a sua parte. Nesta terça-feira (24), em reunião em Porto Alegre, definiram ações.
A primeira será uma campanha pela qualidade da carne brasileira na UE, com distribuição de panfletos, por exemplo. Outra iniciativa será abrir negociação com a BRF (empresa alvo da Operação Trapaça e com 12 unidades embargadas) para que não hajam demissões – há agenda com a diretoria no dia 4 de maio. E existe o pedido por audiências públicas.
– O que resta é a gente tentar provar lá fora que a carne é boa, e que o que existe é um boicote – afirma Siderlei Silva de Oliveira, presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da CUT (Contac).