O Brasil tem sim de brigar na Organização Mundial de Comércio (OMC) para tentar barrar o embargo imposto pela União Europeia a 20 plantas produtoras de carne de frango. O bloco aproveitou a brecha dada pela Operação Trapaça para conter o produto brasileiro, reconhecido internacionalmente pela sua qualidade e por sua sanidade _ a influenza aviária, dor de cabeça em muitos países produtores, passa longe daqui. O argumento técnico serviu para encobrir a barreira comercial a uma lista de 20 frigoríficos desabilitados a vender ao bloco.
Mas a disputa na OMC tem muito mais um efeito psicológico do que prático. Pode se arrastar por anos, e o setor produtivo não pode esperar por isso. Mais de 130 mil famílias trabalham na produção de aves no Brasil e precisam de respostas imediatas para o problema de excesso de oferta no mercado interno criado pela decisão europeia.
Ou seja: o país não pode ficar parado, à espera do que vai decidir o órgão comercial sobre o tema. Uma das alternativas é buscar ampliar parcerias já existentes, além de abrir novas. A China, por exemplo, tem se mostrado um mercado promissor. O Chile também pode ser alternativa, aponta a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). Em maio, missão chilena vem ao país.
A ideia é diversificar ainda mais, justamente para evitar ficar refém de um único mercado. O peso da ausência da União Europeia está muito mais na influência que o bloco exerce no contexto global do que no volume propriamente dito _ 7,6% do volume de carne de frango brasileira embarcado em 2017 teve a região como destino.
Se não arranjar um destino que substitua o bloco europeu, o Brasil corre o risco de penar com consequências amargas _ perdas de emprego nas plantas e redução no número de animais alojados por produtores são apenas duas delas. Para complicar ainda mais, dentro de casa, a escassez de milho significa custos em alta. Um péssimo momento para perder clientes no mercado global. Custos em alta e excesso de oferta interna de carne de frango são dois ingredientes problemáticos para a receita do setor.