A Operação Trapaça, desencadeada pela Polícia Federal nesta segunda-feira (5) em cinco Estados, entre eles o Rio Grande do Sul, é uma nova etapa da Operação Carne Fraca.
Em 17 de março do ano passado, policiais federais cumpriram 309 mandados na operação que atingiu gigantes do setor de alimentos. O esquema de venda de carne adulterada envolvia funcionários públicos responsáveis pela fiscalização.
A operação abalou o mercado nacional e a inserção internacional do produto brasileiro. Nas primeiras fases da Carne Fraca, foi revelado um esquema de corrupção comprometendo fiscais do Ministério da Agricultura no Paraná e em outros Estados – as sentenças desses casos devem sair ainda em 2018.
Chefes e fiscais, responsáveis por averiguar a produção agropecuária e garantir a qualidade dos alimentos, se aliaram a empresários para validar cargas de produtos em desconformidade com os padrões estabelecidos em lei. Gigantes do setor alimentício, como a BRF, dona de marcas como Sadia e Perdigão, alvo desta nova fase da operação desencadeada nesta segunda-feira (5) e a JBS, detentora da Friboi e Seara, foram alvos da polícia desde o começo.
Logo após a deflagração das primeiras etapas, as ações das duas empresas desabaram: 10,59% no caso da JBS e 7,25% no da BRF. Em maio daquele mesmo ano, Joesley e seu irmão, Wesley Batista, fecharam acordo de delação premiada, no âmbito da Lava-Jato, com a Procuradoria-Geral da República em razão de suspeitas sobre contratos realizados pelas empresas do grupo com o BNDES.
Operação Trapaça
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira (5), uma nova fase da Operação Carne Fraca.
O alvo da investigação é um esquema de fraudes descoberto na empresa BRF, gigante do setor de carnes e processados, dona das marcas Sadia e Perdigão.
As investigações apontaram, segundo a PF, que cinco laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura e setores de análises fraudavam resultados de exames em amostras de processo industrial, com dados fictícios em planilhas e laudos técnicos.
O objetivo do esquema seria burlar a inspeção federal.
Operação Antídoto
A Polícia Federal (PF) deflagrou em 31 de maio de 2017 a Operação Antídoto, segunda fase da Operação Carne Fraca.
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva em Goiás. O principal alvo é o ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura naquele Estado.
O investigado foi flagrado em interceptações telefônicas destruindo provas relevantes para a apuração no contexto da Carne Fraca.
Operação Carne Fraca
Em 17 de março, a Operação Carne Fraca cumpriu 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva e outros 11 de temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão.
No Rio Grande do Sul, policiais estiveram em endereços em Gramado, onde uma das suspeitas teria casa. Foram constatadas suspeitas de irregularidades em 21 unidades frigoríficas, sendo que três foram interditadas e 33 fiscais do Ministério da Agricultura afastados.
Em abril, a Justiça Federal do Paraná aceitou denúncia contra 59 pessoas na Operação Carne Fraca — que investiga venda de carne adulterada. No total, o MPF denunciou 60 pessoas. As sentenças devem ser conhecidas ainda este ano.
Críticas do governo
A Operação Carne Fraca foi alvo de críticas do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e do presidente Michel Temer. Temer chegou a chamar a operação de "espetáculo", por conta da repercussão negativa provocada no mercado internacional.
Maggi afirmou que as amostras de carne e outros produtos das empresas alvo da Operação Carne Fraca não trazem risco à saúde do consumidor, embora apresentem irregularidades. Técnicos do governo recolheram 174 amostras em 22 Estados e produziram 12 laudos referentes a três empresas interditadas.