Deflagrada na manhã desta segunda-feira (5), a Operação Trapaça investiga um esquema que envolveria a empresa BRF, gigante do setor de carnes e processados, dona das marcas Sadia e Perdigão e cinco laboratórios com o objetivo de burlar a inspeção federal. O Ministério da Agricultura informou que vai suspender o credenciamento dos laboratórios alvos da ação, que é uma nova fase da Operação Carne Fraca, até finalização da investigação. Segundo a Polícia Federal, os resultados de exames em amostras de processo industrial eram adulterados.
Em nota oficial, o ministério informou que as empresas investigadas burlavam a fiscalização preparando amostras, por meio dos laboratórios, com o objetivo de esconder a condição sanitária dos lotes de animais e de produtos. A fraude envolveria resultados de análises relacionados ao grupo de bactérias da salmonela. A presença da bactéria é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo, minimizam os riscos no consumo, uma vez que a bactéria é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento.
A partir de agora, segundo a nota, ocorrerá a suspensão do credenciamento dos laboratórios alvo da operação, até finalização dos procedimentos de investigação, que poderão resultar no cancelamento definitivo do credenciamento. Serão suspensos ainda os estabelecimentos envolvidos para exportar a países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de salmonela, e serão implementadas medidas complementares de fiscalização, com aumento de frequência de amostragem nas empresas envolvidas, até o final do processo de investigação.
Ainda, segundo o ministério, a Secretaria de Defesa Agropecuária adotará novos modelos de controle de laboratórios credenciados e irá aprimorar ferramentas de combate a fraudes em alimentos. Conforme a nota, o processo de fiscalização do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal já havia identificado irregularidades nos procedimentos em algumas unidades frigoríficas, o que resultou em exclusão destes estabelecimentos para exportação aos 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de salmonela.
O ministério informou ainda que conta com uma equipe de auditoria especializada atuando em conjunto com a Polícia Federal, "que pode adicionar ferramentas de investigação para desvendar este processo de fraude que poderia comprometer o sucesso de programas higiênico-sanitários no Brasil".