A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quinta-feira (14), mandado judicial na casa do ministro da Agricultura do governo Temer, Blairo Maggi (PP), em Brasília. Governador do Mato Grosso (MG) de 2003 a 2010, ele é suspeito de autorizar pagamentos de suborno no Estado em esquema chamado de "mensalinho" e de atuar para silenciar outro ex-governador do MG, Silval Barbosa (PMDB).
Sival foi vice-governador no segundo mandato de Blairo (2007 a 2010) e assumiu o governo quando o pepista se afastou para concorrer ao Senado. No mesmo ano, foi reeleito.
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Em acordo de delação premiada, Silval detalhou ao Ministério Público Federal (MPF) um esquema de corrupção no Mato Grosso. As informações foram usadas como base para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmasse que Blairo era líder de uma organização criminosa no governo do Mato Grosso.
Segundo Silval relatou em delação premiada, Maggi, enquanto era governador, teria autorizado pagamentos de até R$ 30 mil para cada deputado estadual mato-grossense, no ano de 2003, para comprar apoio ao governo.
Silval ainda confessou ter intermediado repasse de R$ 4 milhões, a pedido de Maggi e do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes ao deputado federal Carlos Bezerra, em 2008, com o fim de comprar apoio do PMDB nas eleições municipais. À época, o partido teria declarado apoio ao adversário do aliado de Blairo.
O delator narrou que o então Secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes foi designado a conseguir os valores para pagar Bezerra e que apresentou ao chefe da pasta o operador financeiro Júnior Mendonça, que teria conseguido R$ 3,3 milhões – "parte em cheque, parte em dinheiro".
Silval ainda afirmou que "herdou" um acerto de propinas de 40% sobre o valor de precatórios de uma construtora quitados pelo Estado. O esquema, segundo Silval, já estava em vigor desde a gestão de Blairo e teria rendido R$ 35 milhões em vantagens indevidas somente em 2010.
Além disso, Silval afirmou que o senador Cidinho Santos (PR-MT) prometeu que, se Silval não fizesse delação, receberia ajuda de Blairo, do atual governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), e do senador Wellington Fagundes (PR-MT).
Após ser preso em setembro de 2015 e permanecer quase dois anos na cadeia, Silval foi autorizado a cumprir prisão domiciliar em junho deste ano.
Blairo Maggi ainda é acusado pela Operação Lava-Jato de supostamente ter recebido R$ 12 milhões em propina da Odebrecht para a campanha de reeleição no Mato Grosso em 2006.