A ação da Polícia Federal, que ontem cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, trouxe novo desgaste, mas está longe de representar sentença para que deixe o cargo. Primeiro, porque não é o único integrante do governo na mira de investigações _ o presidente Michel Temer foi novamente denunciado. Segundo, porque o parlamentar tem maciço apoio de entidades do agronegócio.
_ Tem sido um bom ministro. Trabalhou bem na situação da Operação Carne Fraca. O setor não abre mão que se façam as investigações, mas não quer que se tenha instabilidade neste momento _ observa um dirigente.
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Outro representante vai no mesmo tom: Maggi levou para o ministério o "pique" da iniciativa privada, fazendo "as coisas andarem em um ritmo diferente". Mas entende que a suspeita lançada sobre o ministro pode provocar enfraquecimento dentro da pasta. A ação da PF serve de munição em eventuais embates internos.
Quando esteve no Rio Grande do Sul, durante a Expointer, Maggi deixou claro que a decisão de saída poderá partir dele mesmo.
_ Sou produtor rural, não vivo do cargo de ministro, não preciso do cargo. No momento em que sentir que não devo persistir, saio. Ou se o presidente (Temer) pedir _ afirmou na época a jornalistas.
Um interlocutor de Maggi conta que a família tem sido uma fonte de pressão e não aceita a ideia de que ele fique no cargo sem necessidade. A Amaggi é um dos principais conglomerados do segmento e, indiretamente, pode ter a imagem afetada pelas investigações.
Ontem, em nota, o ministro voltou a negar que tenha feito pagamento de propinas ou cometido atos ilícitos em sua gestão como governador de Mato Grosso, de 2003 a 2010. Também disse que usará de meios legais para se defender.
Esse é o quarto episódio em 2017 que coloca o ministro na mira. No início do ano, teve bens bloqueados em processo por improbidade administrativa. Em abril, foi citado nas delações da Odebrecht. E, no mês passado, veio a suspeita de compra de apoio parlamentar quando era governador, com "mensalinho" a deputados.