A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em meio a entraves burocráticos ainda não resolvidos para fazer a irrigação avançar no Rio Grande do Sul, saiu um estudo que mostra que a ampliação da área com a tecnologia pode trazer benefícios econômicos e sociais no Brasil. Mais do que isso: para cada R$ 1 real investido na agricultura irrigada, haveria um retorno social de R$ 0,36 na economia. Encomendado pelo Ministério da Agricultura, o trabalho foi realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e simulou cenários com a ampliação da irrigação até 2040.
— É um retorno muito maior do que alguns programas sociais, inclusive. Já que o preço de alimento, por exemplo, impacta mais as familias mais pobres do que as mais ricas — avalia Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, professor sênior do Departamento de Economia, Sociologia e Administração da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, que coordenou o estudo.
Os números
Em um cenário com 4,2 milhões de hectares irrigados, o estudo indica um acúmulo de R$ 71 bi de investimentos na economia. Deste valor, R$ 16,3 bi (0,23%) é de aumento no consumo real das famílias e de redução no preço dos alimentos.
Já se a ampliação chegar em mais 6,2 milhões de hectares irrigados, a economia do país cresceria R$ 102,8 bilhões, com redução de 0,45% no preço dos alimentos e R$ 23,4 bi de aumento no consumo real das famílias.
Ainda segundo o estudo, as culturas de arroz, trigo e outros cereais seriam as mais beneficiadas, com aumento nas exportações desses produtos.
Para o trabalho, foram elencadas as regiões prioritárias para irrigação no Brasil definidas pelo Ministério da Agricultura, considerando capacidade elétrica, de estradas, disponibilidade de água e solo e o impacto ambiental.