Em 2019, o Rio Grande do Sul alcançou a menor taxa de homicídios da década: 15,8 para cada 100 mil habitantes. Foram 569 vítimas a menos em comparação com 2018 — de 2.362 para 1.793 casos. GaúchaZH analisou esse indicador nos 497 municípios, com base nos dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). O mapa dos assassinatos aponta redução em cerca de um terço das cidades — 27%. Em 20%, houve aumento no número de vítimas e em mais da metade os casos se mantiveram no mesmo patamar.
A principal aposta do governo estadual para inibir os homicídios foi o foco na territorialidade. Foram selecionados 18 municípios mais violentos para aplicar estratégias como mapeamento da criminalidade e maior integração entre polícias. Também receberam reforço de efetivo e reuniões mensais são realizadas para analisar resultados e planejar alternativas. A maior parte delas puxou o indicador de assassinatos para baixo. Somente Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, teve aumento (de 25 para 34). Juntas, essas cidades foram responsáveis por 90% da queda.
— Na nossa análise não houve migração dos grandes municípios para os pequenos. Se tivesse havido, essa redução não aconteceria. Os homicídios que deixaram de acontecer em Porto Alegre não migraram para outras cidades. Não há relação direta — argumenta o vice-governador e secretário da Segurança Pública do Estado, Ranolfo Vieira Júnior.
A expansão da atuação das facções que exploram o tráfico é um dos fatores que explica o aumento em 103 cidades. Nessa lista, destacam-se Farroupilha, na Serra, que passou de cinco para 24 casos. No Noroeste, Ijuí saltou de quatro para 13 assassinatos e Seberi, sem registros em 2018, teve sete vítimas ano passado. As duas regiões estão entre as que mais tiveram elevação.
— Ainda estamos concluindo a análise, mas nos parece que em sua maioria esses homicídios têm relação com disputas entre facções que estão chegando nesses locais — reconhece Ranolfo.
Para evitar que esse número cresça, o governo pretende expandir a forma de atuação implementada nas 18 cidades priorizadas pelo RS Seguro. A estratégia deu certo, por exemplo, em Alvorada, na Região Metropolitana, apontada em 2017 como a sexta cidade mais violenta do país. No ano passado, o município conseguiu diminuir em 70 o número de vítimas de homicídios — 44% a menos. Por outro lado, ainda é o segundo no Estado, somente atrás de Porto Alegre. Lá, o tráfico também é o pano de fundo da maior parte das execuções. Para combater o crime organizado, o governo aposta em investigações contra lavagem de dinheiro.
— Só tem uma maneira de desarticular uma organização criminosa: quando se toca no bolso dela. Quando prendemos alguém do tráfico, dependendo do posto que tiver, será substituído imediatamente. É importante prender e isolar lideranças, mas se não descapitalizar, apreender bens, imóveis e valores, para impedir que invista em armas e drogas, a organização continua funcionando normalmente — afirma o vice-governador.
Os dados
Dos 497 municípios, 136 tiveram queda nos homicídios em 2019. Nessas cidades, aconteceram 1.269 casos — 812 a menos em comparação a 2018. Alvorada, na Região Metropolitana, teve redução de 70 vítimas (de 157 em 2018 para 87 em 2019).
Por outro lado, 103 municípios apresentaram aumento. Nessas cidades, 426 pessoas foram assassinadas — 243 a mais do que em 2018. Farroupilha, na Serra, teve a maior elevação, com acréscimo de 19 homicídios (24 em 2019 contra cinco em 2018).
Mais da metade das cidades gaúchas, 258, manteve o mesmo número de vítimas de homicídio. No entanto, em 213 não houve registro de assassinatos. Nas outras 45, foram 98 casos no total, tanto em 2019 como em 2018.
No RS
- Em 2019
11,37 milhões de habitantes
1.793 vítimas de homicídio
Taxa de 15,8/100 mil habitantes - Em 2018
11,32 milhões de habitantes
2.362 vítimas de homicídios
Taxa de 20,8/100 mil habitantes