Ivo Francisco dos Santos Assis, 43 anos, conhecido como Ganso Baio, foi preso em operação realizada na manhã desta quarta-feira (4) no município de Amaral Ferrador, no sul do Estado. Segundo a polícia, ele era considerado um dos assaltantes de bancos mais procurados do Rio Grande do Sul.
Foragido desde 2012 e condenado a 39 anos de prisão, Ganso Baio é suspeito de envolvimento em pelo menos 10 assaltos com uso de explosivos e de cordão humano. Conforme a investigação, ele seria um dos criminosos que atacou um banco em Dom Feliciano e que seriam resgatados por um grupo que furou barreira policial em Cristal, em julho — quando houve tiroteio e duas mulheres e uma criança morreram.
A ação realizada nesta quarta-feira envolveu mais de 40 agentes da Polícia Federal (PF), Polícia Civil e Brigada Militar. O preso estava com a família em um sítio no interior do município, local que foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça.
— A instituição (a PF) tem feito um esforço investigativo em relação a organizações criminosas, sobretudo àquelas que atuam com emprego de violência, em razão dos riscos que trazem à população. Ressalto ainda o trabalho integrado com a Brigada Militar e com a Polícia Civil, que tem trazido excelentes resultados, como por exemplo, a operação conjunta deflagrada na manhã de hoje (quarta-feria) — ressalta o superintendente da PF, delegado Alexandre Isbarrola.
Ganso Baio também tinha dois mandados de prisão, um da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e outro por já ter uma condenação. Todos os fatos ligados a ataques a bancos.
Ele também é apontado por envolvimento em roubo a carro-forte e crimes de receptação, furto e porte ilegal de arma de fogo. Em um dos ataques a banco pelo qual é investigado pelo Deic, de 2017, a quadrilha dele explodiu três agências em um mesmo dia em Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo.
Na época, a Polícia Civil informou que ele também era apontado por participação em assaltos nas cidades de Progresso, Pouso Novo, Boqueirão do Leão, Espumoso e Boa Vista do Buricá. Já a condenação é por assalto a banco em Carlos Barbosa, na Serra, em 2012, e por outro roubo em São Sepé, na Região Central.
— A prisão é importante porque o Ganso Baio tem vasto conhecimento nestas práticas delituosas, inclusive sendo um multiplicador destas táticas ao ensinar outros criminosos com o uso de explosivos e em procedimentos com reféns do tipo cordão humano — explica o delegado Sander Cajal, diretor do Deic.
O comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Douglas Soares, que participou da ação nesta quarta-feira, diz que o trabalho é uma continuidade do cerco policial feito em conjunto com as outras instituições desde o assalto em Dom Feliciano, em julho.
— Ele estava escondido em um local de difícil acesso e o Bope, que participou das buscas iniciais, manteve o apoio à investigação para prender o foragido — diz Douglas.
Ação em Cristal
Ivo Francisco dos Santos Assis também é investigado pela PF por tentativa de homicídio por ter disparado contra agentes durante fuga após um assalto a banco no dia 6 de julho deste ano em Dom Feliciano. Na ação, uma agência do Bradesco foi alvo de explosão.
Na sequência, foram montadas barreiras no município e na cidade de Cristal. Na madrugada do dia 17 de julho, segundo a polícia, ele seria um dos resgatados por um grupo em dois carros que furaram barreira policial. Houve tiroteio, que resultou na morte de duas mulheres, Daniela Weizemann e Aline Pirola.
O filho de Daniela, Vitor Berghann, quatro anos, que estava em um dos veículos e foi atingido na troca de tiros, morreu no hospital no dia seguinte. O pai dele — e marido de Daniela —, Marcos Luis Berghann, foi preso na ação e morreu na carceragem da PF.
A PF diz que os outros bandidos que seriam resgatados seguem foragidos. As apurações da instituição e do Ministério Público Federal (MPF) sobre a ação dos agentes ainda não foram concluídas.