Cinco dias depois da explosão de dois bancos em São Sepé, a polícia prendeu, na manhã desta quinta-feira, um dos suspeitos de ter liderado o ataque. André da Silva, 49 anos, foi capturado em Vera Cruz, a mais de 200 quilômetros do local dos ataques.
A investigação apontou que Silva seria o homem flagrado pelas câmeras de segurança de uma das agências (veja abaixo) segurando pelo cabelo uma das reféns. No total, mais de 20 moradores foram usados como escudo humano na madrugada da véspera de Natal.
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Batizada de Ghost, a operação deflagrada pela Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) tinha o objetivo de prender outro suspeito de comandar o assalto em São Sepé. Ivo Francisco dos Santos Assis, o Chico, 41 anos, está foragido desde 2012 e teve também um mandado de prisão temporária autorizado pela Justiça. No entanto, mais uma vez, ele não foi localizado.
– Ele é considerado um fantasma, um criminoso que não deixa rastros. A gente sabe do envolvimento dele em diversos crimes e o investiga há muito tempo, mas temos dificuldade em encontrar provas – afirma o delegado João Paulo Abreu.
A polícia também cumpriu dois mandados de busca e apreensão, um em Vera Cruz e o outro em Pantano Grande, onde foi apreendida uma espingarda calibre 32, mas da qual não há confirmação de que tenha sido usada no ataque em São Sepé. Outros três participantes dos ataques ainda estão sendo identificados.
Os cinco criminosos realizaram, à 1h de sábado, pelo menos cinco explosões para romper três caixas eletrônicos e o cofre da agência bancária do Sicredi, e um caixa eletrônico do Banco do Brasil, ambos os bancos localizados na Rua Coronel Veríssimo, no centro de São Sepé.
Os dois policiais militares que estavam de serviço no município de 23,8 mil habitantes ficaram encurralados no quartel pela quadrilha, que portava fuzis e outras armas de grande porte. Havia, ainda, uma policial civil, de plantão, em casa. Além disso, o bando atirou em carros e imóveis, e trocou tiros com os agentes. Quatro pessoas ficaram feridas, entre elas dois irmãos irmãos policiais (um civil e um militar) que estavam de folga.
No final da ação, dois moradores foram slevados durante a fuga, sendo libertadas em um posto de combustíveis na cidade de Caçapava do Sul.
Investigados pela polícia
André da Silva já foi foi investigado, especialmente, pela delegacia de Santa Cruz do Sul, onde mora, pelo envolvimento em diversos crimes, incluindo suspeita de envolvimento em ataque a bancos. Em março do ano passado, foi detido portando arma de fogo, material explosivo e dinheiro. Preso temporariamente nesta quinta-feira, Silva deve ser encaminhado para o presídio de Santa Maria depois de ser ouvido pela polícia.
A quadrilha liderada por ele e por Chico seria a mesma que fez reféns durante ataque a agência do Sicredi em Cerro Grande do Sul, na zona sul do Estado, em 8 de outubro deste ano. Entre as pistas que conectam os dois assaltos estão cápsulas de fuzis calibre 5.56 mm, de carabina calibre .30 (ambos capazes de perfurar carros blindados) e pistolas 9 mm encontradas pela perícia em São Sepé – mesmos armamentos utilizados em Cerro Grande do Sul.
O bando teria cometido ainda ataques com reféns em Barros Cassal (explosão de três terminais do Sicredi, no Natal de 2015) e em Santana da Boa Vista, em 23 de outubro passado (detonações seguidas de tiroteio com PMs).
Veja imagens do ataque em São Sepé: