Os pré-candidatos à Presidência intensificaram, nas últimas semanas, as buscas por alianças. A sexta-feira (20) marcou o início das convenções partidárias, que irão definir o xadrez eleitoral. O grupo do centrão, formado por PP, DEM, Solidariedade, PRB e PR é o mais assediado. Com disposição para coligações flexíveis e quase três minutos de espaço eleitoral na TV, receberam acenos das mais variadas matizes ideológicas.
Veja a situação das principais candidaturas:
Com a promessa de "refundação da República", o senador Alvaro Dias mantém contato com partidos de menor representatividade no Congresso. Negociações estão em andamento com Pros, Avante, PRTB, PRP, Patriota e PTC.
Há conversas com o PSC, apesar da sigla ter confirmado na sexta-feira que terá candidato ao Planalto. A fatia de Dias na TV será de 12 segundos, mas, se conseguir efetivar as negociações com as sete siglas, terá quase dois minutos.
Depois de perder a preferência do centrão – que deverá anunciar apoio a Alckmin –, Ciro Gomes volta a apostar em partidos de esquerda. Oficializado como o candidato trabalhista ao Planalto em convenção na sexta-feira, em Brasília, o ex-governador do Ceará tentará sair do isolamento voltando as energias ao PSB, sem se descuidar do PT e do PC do B.
Sozinho, Ciro possui cerca de 30 segundos. Caso consiga fechar com o PSB, poderá chegar a cerca de 1min20s.
O candidato tucano deverá abocanhar a maior fatia do tempo de TV. Até o momento, teve a adesão formalizada por PTB e PSD. O centrão, formado por PP, DEM, Solidariedade, PRB e PR, deve oficializar a entrada na coligação nos próximos dias. Partidos menores, como o PV, também devem fechar parceria.
A expectativa é de que o ex-governador de São Paulo garanta mais de cinco minutos no horário eleitoral e um número maior de inserções durante a programação normal das emissoras.
Assumindo postura diversa de eleições presidenciais anteriores, o PSOL se aproximou do PT na defesa da liberdade ao ex-presidente Lula. Ainda assim, lançou o nome do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, para a corrida ao Planalto.
A vice será a liderança indígena Sonia Guajajara, também do PSOL. A sigla está coligada com o PCB e terá 13 segundos de tempo de TV.
Herdando o fardo de defender o impopular governo Temer, Henrique Meirelles não empolgou os partidos da base aliada do Planalto. Siglas que participam do primeiro escalão do Executivo se aproximam, em especial, de Alckmin. Sem sucesso, o posto de vice foi oferecido ao empresário Flavio Rocha (PRB).
O presidente da sigla, Romero Jucá, disse que o MDB está preparado para "sair sozinho" na eleição. Isolado, Meirelles poderá contar com 1min26s.
Após o recuo no "noivado" com o senador Magno Malta (PR-ES), que recusou a vaga de vice, Jair Bolsonaro tenta fugir do isolamento. Nos últimos dias, o general Augusto Heleno chegou a ser cotado, mas seu partido, o PRP, negou aproximação com o capitão da reserva. Com isso, o PSL deverá alçar voo solo.
A advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do parecer que deu base ao impeachment de Dilma Rousseff, deverá compor a chapa. Bolsonaro terá cerca de 10 segundos no horário eleitoral.
Preso há mais de três meses em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue como a principal alternativa do PT na disputa presidencial. Condenado em 2ª instância, estaria inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa, o que não o proíbe de solicitar o registro de candidatura. Fernando Haddad e Jaques Wagner poderão substituí-lo na cabeça de chapa, caso seja impedido de concorrer.
A sigla busca aproximação com o PC do B e chegou a ensaiar namoro com o PR. Sozinho, o PT tem 1min35s.
O PC do B, que tem 17 segundos de tempo de TV, mantém a intenção de alçar voo solo na eleição deste ano, concorrendo sem estar ao lado do PT, o que não ocorreu em nenhum pleito após a redemocratização, em 1989.
A deputada estadual Manuela D'Ávila é sondada para ocupar o posto de vice na chapa petista, que terá o ex-presidente Lula ou outro indicado pelo partido como líder. O PDT também quer o apoio da sigla.
Terceira colocada nas eleições de 2014, com mais de 22 milhões de votos, Marina Silva enfrenta dificuldades para se aproximar de grandes partidos. Com baixa representatividade no Congresso, tem apenas três cadeiras, a Rede Sustentabilidade negocia com siglas de menor estatura, embora ainda não tenha fechado com nenhuma.
Neste momento, conversas são mantidas com PHS, PPS, Pros e PMN. O tempo de TV da Rede é de 12 segundos.
Apesar de admitir conversas iniciais com outras legendas, o Novo irá disputar a Presidência sem coligações. João Amoêdo, que terá menos de 10 segundos na TV, não irá utilizar os fundos partidário e eleitoral em sua campanha. A vaga de vice na chapa deverá ser ocupada pelo cientista político Christian Lohbauer.
Na lanterna
O deputado constituinte José Maria Eymael (PSDC) irá concorrer pela quinta vez ao Planalto. Também estão fardados para a disputa João Vicente Goulart (PPL) e Vera Lúcia (PSTU).
Devem desistir
Aliança em torno do Podemos, do senador Alvaro Dias, poderá levar à desistência das candidaturas de Paulo Rabelo de Castro (PSC), Levy Fidelix (PRTB) e Cabo Daciolo (Patriota). Valéria Monteiro (PMN) e Fernando Collor (PTC) querem concorrer, mas não receberam aval das siglas - Valéria, ex-apresentadora do Jornal Nacional, viu seu sonho naufragar neste sábado. Afif Domingos (PSD) se lançou, mas a legenda abriu apoio a Alckmin.
Ficaram pelo caminho
Desistiram antes do início das convenções o apresentador Luciano Huck (sem partido), o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), o empresário Flavio Rocha (PRB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o ex-presidente da Casa Aldo Rebelo (SD), o senador Cristovam Buarque (PPS) e o apresentador Dr. Rey (PRB).