Pela primeira vez desde 1982, quando foram retomadas as eleições diretas para governador, a disputa de 2026 pelo Piratini não terá nomes consagrados da política. O cenário que se desenha no momento nos principais partidos é de candidatos jovens, sem passagem por meios de comunicação ou cargos de maior relevância do que o de deputados.
Desta vez, não há nenhum ex-governador na disputa. Nem haverá, porque todos já penduraram as chuteiras. Também não há senadores ou ex-senadores. É uma disputa totalmente aberta, sem favoritos.
Começa pelo pré-candidato da situação, Gabriel Souza (MDB), que na semana passada completou 41 anos. Oriundo da Juventude do MDB, Gabriel foi deputado estadual e em 2022 concorreu a vice de Eduardo Leite, derrotando na convenção a ala do MDB que não queria aliança com os tucanos e acabou apoiando Onyx Lorenzoni.
Embora faça política desde os 16 anos, quando assinou a ficha de filiação ao MDB, Gabriel não é uma celebridade como Leite, que as pessoas param na rua para tirar foto. Discreto, está substituindo o governador Eduardo Leite durante as férias, e seu gabinete é um entra e sai de prefeitos, vereadores e comitivas do Interior. Gabriel sabe que seu projeto de disputar o Piratini passa pelo apoio da base do MDB e dos partidos aliados do governo Leite, que deverão indicar o vice e pelo menos um dos dois candidatos do Senado.
No PL, o nome que está sendo trabalhado para o Piratini é o do deputado federal Luciano Zucco, tenente-coronel reformado do Exército. Zucco fará 51 anos no dia 9 de março. Sua entrada na política é recente. Em 2018, surpreendeu a família ao anunciar que seria candidato. Grudou sua campanha na do general Hamilton Mourão (Republicanos), candidato a vice de Jair Bolsonaro, e foi o deputado estadual mais votado. Quatro anos depois concorreu a deputado federal e de novo foi recordista de votos.
As articulações de Zucco para ser candidato a governador anteciparam movimentos de outros postulantes, que não querem ficar na janela vendo a banda passar. O próprio Gabriel admite que terá de começar a conversar com os partidos aliados do governo Leite, já que estão sendo procurados por representantes de outros partidos com promessas de cargos na chapa e em um eventual mandato de governador.
A deputada Silvana Covatti (PP), cortejada por Zucco, poderá ser a vice de Gabriel, se a família Covatti entender que ele tem potencial para vencer. O PP integra a base do governo Leite e ocupa uma das principais secretarias, a do Desenvolvimento Econômico, com Ernani Polo, além da de Desenvolvimento Rural, com Vilson Covatti, marido de Silvana e pai do presidente estadual do partido, Covatti Filho.
Uma incógnita é o futuro de Onyx Lorenzoni (PL), que deve migrar para o União Brasil no primeiro semestre deste ano. Onyx quer concorrer ao Piratini e o União não tem outro nome, mas a dificuldade para encontrar aliados, tendo Zucco na disputa com o apoio de Jair Bolsonaro, e a carência de recursos financeiros pesarão na decisão sobre o futuro. O mais provável é que concorra a deputado federal.
O PT deve ir para a disputa com Edegar Pretto, 53 anos, atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e provável futuro ministro do Desenvolvimento Agrário. Ele concorreu em 2022 e, por pouco, não chegou ao segundo turno. Antes de assumir a Conab, foi apenas deputado estadual, com passagem de um ano pela presidência da Assembleia. O outro nome do PT é do agora ex-ministro Paulo Pimenta, 59 anos, que embora tenha o Piratini no seu radar, deve concorrer ao Senado.
O Novo, que tem lançado candidato nos últimos anos, deve se aliar ao PL para tentar emplacar Marcel van Hattem no Senado, e ficar fora da disputa do Piratini.