O discurso escrito que o presidente Lula leu na manifestação em defesa da democracia, na quarta-feira (8), foi irretocável. Mas Lula resolveu fazer uma introdução de improviso e conseguiu ofuscar a parte positiva, que era defesa da democracia e a condenação ao golpismo. Lula se declarou um “amante da democracia” e disse que os maridos gostam mais das amantes do que das esposas.
A declaração pode ter sido sincera e baseada em convicções próprias, mas foi inadequada. Lula expôs uma visão machista e misógina, no lugar e na hora errados. Comparar questões políticas com casamento é um caminho perigoso para homens públicos. Em geral, resvala-se para o simplório ou até mesmo para o grotesco.
Lula tem um número recorde de mulheres no seu ministério. Isso indica que não tem preconceito em relação à capacidade das suas ministras, mas volta e meia comete frases machistas ou misóginas.
Homens e mulheres em cargos públicos deveriam evitar o improviso em atos solenes. Que o diga o prefeito Sebastião Melo, que fez um discurso improvisado no dia da posse, defendeu o direito de qualquer parlamentar defender a ditadura e está sendo alvo de uma série de representações.