Assim como o PP, que pretende aumentar as bancadas estadual e federal encorpando a lista de candidatos com ex-prefeitos que deixaram os mandatos bem avaliados, o MDB vai tentar compensar as perdas das últimas eleições com nomes testados nas urnas municipais e que sejam referências regionais. Em nome da visibilidade para atrair votos em 2026, o partido já articula cargos no governo estadual para as suas apostas.
É o caso do ex-prefeito de Alegrete Márcio Amaral, que completou seis anos de mandato e é a principal aposta na Fronteira Oeste. Amaral, que é médico veterinário, está com processo em tramitação para assumir como diretor-geral da Secretaria de Agricultura do Estado, e será um dos principais nomes do MDB para as eleições proporcionais de 2026.
A legenda também pretende compensar com a entrada de ex-prefeitos da região Noroeste os votos que perderá com a saída de Osmar Terra, que já está acertado com o PL. Líderes do MDB avaliam que Terra está forçando uma expulsão, mas não querem dar a ele o discurso de vítima. Por isso, o partido estuda a possibilidade de conceder ao parlamentar uma "carta de alforria", garantindo que não reivindicará o mandato se ele sair antes da janela de março de 2026.
— Nomes eu não tenho ainda, não vou me apressar — despista o deputado Vilmar Zanchin, presidente estadual do partido, que aguarda por um desfecho da situação de Terra.
A ex-prefeita de Novo Hamburgo Fátima Daudt deverá ser candidata a deputada federal. A avaliação do partido é que ela tem potencial para fazer boa votação no Vale do Sinos, acima de questões partidárias. O MDB quer aproveitar o vácuo deixado por Giovani Feltes, eleito prefeito de Campo Bom, e de Marcel van Hattem (Novo), que deve ser candidato ao Senado.
Tânia Terezinha da Silva, ex-prefeita de Dois Irmãos, que concorreu à prefeitura de Novo Hamburgo como sucessora de Fátima, também está na lista do MDB. Ainda na Região Metropolitana, o ex-prefeito de Gravataí Marco Alba será "convocado" por Zanchin para concorrer. Outros nomes destacados pelo presidente do partido são dos ex-prefeitos de Triunfo Murilo Machado, de Canguçu Vinicius Pegoraro, e de Santa Clara do Sul Paulo Cezar Kohlrausch.
— São vários nomes que o partido dispõe, nosso projeto é concorrer com nominata completa para mantermos e ampliarmos o número de cadeiras na Assembleia e na Câmara dos Deputados.
Além dos ex-prefeitos de diferentes regiões na sua lista, o MDB agrega alguns reeleitos em 2024, que teriam de renunciar ao mandato para disputar algum cargo na próxima eleição. É o caso de Mateus Trojan, prefeito de Muçum. O jovem de 30 anos era quase desconhecido fora da cidade quando ocorreu a enchente de setembro de 2023, que devastou a cidade.
A forma serena e madura como lidou com a tragédia garantiu a reeleição a Trojan e agora o partido quer que ele seja candidato a deputado estadual. Para isso, ele terá de renunciar no início de abril do ano que vem, o que será um dilema para quem concorreu com a ideia de “concluir o serviço”.