Destaque nas pesquisas de intenção de votos, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa anunciou, nesta terça-feira (8), pelo Twitter, que não vai se candidatar à Presidência da República. Segundo escreveu, foram "várias semanas de muita reflexão" e foi uma "decisão estritamente pessoal".
Barbosa se filiou ao PSB no final do prazo necessário para participação nas eleições de 2018, no dia 6 de abril, e sem apresentar oficialmente candidatura à Presidência da República.
Nos bastidores, ele dizia aos caciques do partido que finalmente estava aproveitando a vida e a aposentadoria e revelava que estava se dedicando ao escritório de advocacia que leva seu nome.
Mas a bancada do PSB na Câmara seguia com a ideia de lançá-lo à disputa pelo Palácio do Planalto.
A divulgação da pesquisa do Datafolha no mês passado — dependendo do cenário, colocava o relator do Mensalão no STF com 8% ou 10% das intenções de voto, resultado positivo para quem não estava em pré-campanha escancarada — fez as lideranças do partido ficarem ainda mais animadas, acreditando que era o empurrão que faltava para confirmá-lo como presidenciável.
Na pesquisa do Ibope divulgada em 24 de abril, Barbosa aparecia em quarto lugar, com 9% de intenção de voto, em um cenário sem a presença do ex-presidente Lula, condenado e preso na Lava-Jato.
O ex-ministro ficava atrás do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e da ex-senadora Marina Silva (Rede).
A ideia do PSB era lançar a candidatura até o dia 15 de maio. O principal argumento era o de que, a partir desta data, os presidenciáveis poderão arrecadar dinheiro para a campanha por meio de financiamento coletivo virtual.
Por isso, o PSB pressionava o ex-ministro para obter uma definição ainda em maio — ela veio nesta terça-feira, mas não da forma como o partido queria.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG), disse que foi informado no início da manhã por Barbosa sobre a decisão.
O ex-ministro não deu detalhes sobre os motivos que o levaram a desistir. Contudo, o deputado acredita que a falta de apoio da família foi preponderante.
Delgado admitiu que o partido não tem um plano B, e opinou que a desistência de Barbosa é "uma perda para o Brasil".
— Fora ele, é mais do mais do mesmo. Ele era a novidade, o que a gente apostava. A gente não tinha e não tem um plano B — afirmou.
O parlamentar disse que o partido precisará se "reagrupar" para decidir se terá candidato próprio a partir de agora. Nos bastidores, a sigla está dividida na discussão sobre apoiar três candidaturas: Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) ou Marina Silva (Rede).
Carreira
Indicado para ministro do STF pelo ex-presidente Lula, Joaquim Barbosa permaneceu no Supremo de 2003 a 2014, e assumiu a presidência da Corte entre 2012 e 2014. Relator do processo do mensalão, levou o caso a julgamento em 2012 com voto pela condenação da maioria dos acusados.