Às vésperas da edição 2022 e celebrando os 90 anos da primeira, em 1931, trazemos algumas curiosidades sobre a Festa da Uva de 1932, considerada a primeira grande festa – a de 1931 traduziu- se em uma pequena exposição de uvas com duração de apenas um dia, no salão de festas do Recreio da Juventude ( atual Círculo Operário Caxiense).
Segundo informações compartilhadas pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a Festa da Uva de 1932 destacou- se pela estreia do desfile de carros alegóricos, à época denominado de“ Parada da Uva”, e pelo Pavilhão de Exposições, construído na Praça Dante Alighieri especialmente para o evento.
Conforme observado pela professora Cleodes Piazza no livro Festa da Uva -A Alma de um Povo, de Luiz Carlos Erbes, a edição de 1932 é considerada “ extraordinária e importante por engendrar o formato da Festa da Uva”:
“O significado é definido a partir de 1932. Acho que quem melhor expressa esse projeto coletivo é o próprio encarregado de fazer o convite, Olmiro Azevedo, que diz:‘ Vinde ver o que somos e o que valemos’. A frase expressa a identidade do povo da região. A festa acaba conferindo a identidade construída, pleiteada e, ao fim, aceita e reconhecida pelo restante dos brasileiros”.
Associação Comercial
Patrocinada pela prefeitura e pela Associação dos Comerciantes, presidida por Dante Marcucci e Ottoni Minghelli, a edição de 1932 contou com a presença do General José Antônio Flores da Cunha, Interventor Federal no Estado.
Matéria de capa do jornal“ Caxias” de 3 de março de 1932, destacou a abertura, ocorrida em 28 de fevereiro:
“Às 9h da manhã S. Ex.ª inaugurara a festa, e do pavilhão central fizera uso da palavra o ilustre dr. Olmiro de Azevedo, que pronunciara bem feito discurso alusivo ao ato. Em seguida falou o general Flores da Cunha, que numa vibrante e belíssima oração exalçou o brilhantismo da festa do trabalho e teceu um hino de fé patriótica aos que vêm trabalhando pela felicidade do Rio Grande. O grande Flores, em emocionante peroração, confundiu sua alma com a alma do povo que o ovacionou delirantemente. Não menos entusiasta foi a oração patriótica e concisa do sr. Vittorio Cerruti, ilustre embaixador italiano, que se congratulou consigo mesmo pelo maravilhoso certame que acaba de inaugurar – e pelo mesmo ser o fruto do labor e do braço italiano. As festas continuaram animadas durante o dia, e a multidão se acotovelava em busca de outras sensações”.
Na foto abaixo, o registro da abertura da Festa da Uva de 1932, com o general José Antônio Flores da Cunha ( ao centro) momentos antes de cortar a fita de inauguração. A partir da esquerda vê- se Arthur Rossarola, Orestes Manfro, Adelino Sassi, Dante Marcucci, o embaixador da Itália, Vittorio Cerruti; Otoni Minghelli e Celeste Gobbato (de costas).
Há 90 anos
:: Durante a Festa da Uva de 1932, realizada de 28 de fevereiro a 6 de março, ocorreu o 1 º Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia.
:: O corso alegórico de 1932 trouxe as comunidades do interior exibindo- se em 32 carroças puxadas por juntas de bois. A chamada Parada da Uva vinha da Rua Alfredo Chaves, entrava na Júlio e dirigia- se até a praça, onde a festa ocorria.
:: A comissão organizadora era composta por Dante Marcucci ( presidente), Ottoni Minghelli ( vice- presidente), Arthur Rossarola ( secretário) e Luciano Corsetti ( tesoureiro).
:: A comissão central era composta por Armando Luiz Antunes, Adelino Sassi, Joaquim Pedro Lisboa, Dante Marcucci, João Ahrends e Rodolpho Rossarolla.
Flores de Hermógenes Bertelli
Um dos destaques da festa de 1932 foi a participação do floricultor Hermógenes Bertelli. Conforme destacado por João Spadari Adami no livro Festas da Uva,“ o estande não só enriqueceu o certame agroindustrial e a Festa da Uva de 1932, como deu mais graça e mais poesia”.
Em 1932, Bertelli recebeu uma menção honrosa e uma medalha banhada a ouro, além de 500 mil cruzeiros, oferecidos pelo prefeito Miguel Muratore; um vaso para flores, doado por Abramo Eberle; e um par de sapatos, ofertado por João Castagnotto.