O fotógrafo Julio Calegari (1886-1938) eternizou centenas de famílias de imigrantes e seus descendentes a partir de 1918. E a famosa sala de poses do Atelier Calegari, com seus cenários glamourosos e iluminação de inspiração pictórica, consagrou-se como o espaço de excelência para os “retratos artísticos e modernos” das famílias mais abastadas da época.
Foi ali que posaram, em finais dos anos 1920, os três filhos do casal Fulvio Minghelli e Virginia Zatti Minghelli: Firmino, Dinarte e Otoni (ao lado). A mesma imagem estampou uma reportagem de 40 anos atrás, quando o Pioneiro destacou a abertura de uma exposição organizada pela então Fototeca do Museu Municipal de Caxias do Sul.
Consta no texto publicado em 11 de fevereiro de 1981.
“No mês de dezembro do ano de 1888 embarcava na província de Modena (Itália), com destino ao Brasil, Emílio Minghelli (nascido em 14 de julho de 1850), acompanhado de sua esposa Adele Odorici Minghelli (nascida em 1851) e dos filhos Dorotéa, Fulvio. Luís, Eduardo e Armando.
Na Colônia Caxias, Emílio dedicou-se à agricultura, mas o início demonstrava suas tendências para o comércio. Como não tinha condições financeiras de estabelecer uma casa de negócios, resolveu com seu filho Fúlvio dedicar-se ao comércio ambulante.
As viagens de transporte das peças de algodão, brins, chitas, riscados e casemiras eram feitas a pé, mesmo que as distâncias fossem longas. Posteriormente, conseguiu adquirir um cavalo, que muito veio auxiliar o trabalho. Com o dinheiro ganho no comércio ambulante, resolveu se estabelecer com serraria e um pequeno curtume. Aos domingos, nas feiras livres da Vila Caxias, encontrava-se sempre Emílio Minghelli (o Truco), negociando, vendendo e permutando.
O casal Minghelli teve, além dos filhos acima citados, mais dois que nasceram no Brasil: Clotilde e Antônio. Emílio faleceu em 13 de dezembro de 1926 e Adele, em 7 de agosto de 1936. Deixaram uma grande descendência, dentre a qual destacamos Fúlvio Domingos Minghelli, casado com Virgínia Zatti Minghelli.
Eles tiveram cinco filhos: Firmino, Dinarte, Noêmia, Hermete e Otoni - este último, ex-presidente da antiga Associação dos Comerciantes e ex-presidente de honra da CIC. Otoni também teve participação destacada desde os primórdios da Festa da Uva. Foi vice-presidente da edição de 1932 e presidente das festas de 1937 e 1965, além de comandar a Comissão Executiva dos Festejos do Centenário da Imigração Italiana, em 1975”.
Otoni Minghelli
Diretor-presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, Otoni Zatti Minghelli foi proprietário da lendária Casa Minghelli (fundada em fevereiro de 1926 e destruída pelo incêndio da Ferragem Caxiense, em 1952).
Já em 1937, ele passou a integrar a firma De Carli, Minghelli e Mascarello, empresa que deu origem à Importadora Comercial. O casal Ottoni Minghelli e Iró Brandt teve dois filhos: Paulo (casado com Jandira Minghelli) e llka (Sra. Bivar Schmitt).
A saber 1: Bivar Schmitt foi o construtor do Edifício Minghelli, surgido em 1957 na esquina da Rua Sinimbu com a Marquês do Herval.
A saber 2: Otoni Minghelli faleceu em 25 de abril de 1997, aos 90 anos. O irmão mais velho, o advogado, juiz e delegado de polícia Firmino Minghelli, morreu em 24 de outubro de 1943, com apenas 42. Ele dá nome a uma rua no bairro Panazzolo.
Destaque em 1950
Em 1950, a família Minghelli também foi destacada no álbum "Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul 1875-1950", lançado pelo jornalista Duminiense Paranhos Antunes (reprodução abaixo).
Na imagem principal aparece o casal de pioneiros imigrantes italianos Emílio Minghelli e Adele Odorici Minghelli, chegados ao Brasil em 1888.