Idealizador do relógio floral, tema da coluna de ontem, o industrialista Remo Gianella contribuiu com outro símbolo da igreja de São Pelegrino – desta vez na área interna do templo. Falamos do catafalco, ou melhor, da “essa eletrônica”, como a estrutura usada nas missas de corpo presente é oficialmente designada pela paróquia.
Instalado em 1969, o mecanismo teve parte de sua história detalhada pelo próprio Remo Gianella em uma reportagem do Jornal de Caxias de 27 de julho de 1974. Segundo o texto, Remo considerava o catafalco da Igreja São Pelegrino um invento um pouco macabro, que lembra morte, “mas alguém precisava fazer alguma coisa nesse sentido”. Confira parte da matéria original:
“A obra foi realizada atendendo a um pedido do padre Eugênio Giordani. Houve muita conversa a respeito entre ambos, até que o assunto pareceu esquecido. Mas ao retornar de uma viagem e ir à igreja, Remo viu que já estava aberto o buraco para conter o catafalco, fruto exclusivo da imaginação do padre Giordani, colocado em desenhos realizados no Lanifício Gianella e com projeto totalmente executado por Remo Gianella e por seu mecânico Orlando Lazarin”.
À época, Remo afirmou que a obra em São Pelegrino era única no mundo, visto que nunca ouvira falar na existência de outro modelo idêntico. Segundo o texto de 1974, “como não existia nada do que copiar, tudo foi imaginado e construído de acordo com as necessidades da igreja”.
Todo esse ineditismo rendeu, inclusive, a reportagem “A técnica a serviço da fé”, publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” em sua edição de 13 de junho de 1971.
Detalhes
:: A “essa eletrônica” foi construída exatamente sob a pintura “O Juízo Final”, de Aldo Locatelli (no teto). Localizada no subsolo, ela é acionada para “subir” em exéquias, missas de corpo presente e velórios.
:: Na cruz está gravado, em latim, “Aves spes unica” (Salve única esperança)
:: Na essa consta a seguinte inscrição: “Disse Jesus: ... Eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6,39”.
Padre Giordani e Raul Randon
Os dois termos (catafalco e essa) referem-se à plataforma ou estrado onde o caixão é apoiado durante as cerimônias fúnebres. Nos anos 1980, a essa eletrônica da Igreja São Pelegrino foi utilizada na missa de corpo presente do próprio criador, Remo Gianella (falecido em 30 de junho de 1984), e no velório do padre Eugênio Giordani (falecido em 6 de março de 1985 e sepultado aos pés da Pietá).
Mais recentemente, o catafalco foi usado durante as cerimônias de despedida do empresário Raul Randon, falecido em 3 de março de 2018 (foto abaixo).
Parceria
Com informações do site da paróquia: www.saopelegrino.com.br.