Do Magnabosco à Casa Gaúcha, da Loja Renner ao Prataviera, da Casa Bedin ao Alfred, passando por alfaiatarias como La Bomba, Caberlon, Muner, Rossi, entre dezenas de outras, todas vivenciaram o auge das “fatiotas”, antigo termo predominante no linguajar da Serra Gaúcha e que até hoje evoca o traje masculino mais formal, de melhor corte e qualidade, sob medida, para ser usado em ocasiões especiais. Em resumo: o terno.
Atire a primeira pedra quem não recorda de pai, tio, avô ou conhecido de mais idade separando a “fatiota” para “fazer um retrato no estúdio”, ir na missa, no antigo footing dominical da Praça Dante, no casamento de fulano, na formatura, nas bodas, em algum batizado, num aniversário ou simplesmente para “abafar” ou “fazer grau” - as expressões de antigamente para o atual “causar”.
Nos anúncios desta página, publicados em jornais editados em Caxias entre os anos 1930 e 1960, algumas lojas e estabelecimentos que ofertavam ”fatiotas” e dezenas de outras mercadorias. Entre elas, a efêmera “A Realidade”, localizada no antigo sobrado da família Serafini, na esquina das ruas Sinimbu e Dr. Montaury. O registro acima, de 1947, é contemporâneo do reclame da loja veiculado pelo jornal “A Época” na edição de 17 de junho de 1948 (abaixo).
Anúncios da Casa Gaúcha
A lendária Casa Gaúcha, na Rua Sinimbu próxima à Dr. Montaury, também ficou eternizada por comercializar peças destinadas ao público masculino. Chapéus e fatiotas dominavam os estoques desde a década de 1930, conforme vemos nos anúncios abaixo e na foto do início dos anos 1950.
Ocasiões especiais
Ir ao lendário Studio Geremia, na Av. Júlio de Castilhos, 1.872, para eternizar a família ou um evento especial implicava em usar a melhor roupa, sempre. Abaixo, dois exemplos típicos:
Na foto vertical, vemos o diretor Júlio João Eberle e o engenheiro e ex-presidente do Caxias Tennis Club Ely Mascia em meados dos anos 1940, época em que a Taça Eberle era oferecida pela Maesa aos vencedores dos jogos disputados por tenistas e equipes do RS.
Na sequência, o casal Ciro Rech e Rosina Bisol com os filhos Júlia (sentada ao centro), João, José, Cláudio, Oscar e Laurindo (em pé), em 1948. Todos “de fatiota”, óbvio...
Roupa de domingo
Em pequenas comunidades e vilas do interior do Rio Grande do Su, a fatiota também era (é) a “roupa de domingo” por excelência entre os homens. Equivalente ao terno, o vocábulo típico dialoga com uma série de outros bastante usuais entre os gaúchos no quesito vestimentas, como cuecão (ceroula), tope (laço) e carpim (meia).