A antiga Casa Prataviera permanece até hoje na memória de milhares de caxienses quando o assunto é tecidos, aviamentos e miudezas e, num segundo momento, roupas e acessórios.
Toda essa história teve início em 2 de maio de 1942, quando os empreendedores João Prataviera, Francisco Alberti e Raymundo Alberti alugaram o casarão de dois pavimentos de propriedade da senhora Clélia Manfro, na esquina da Av. Júlio com a Rua Visconde de Pelotas.
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Inicialmente, a ideia era fazer do local um depósito, mas o ponto privilegiado e o auxílio financeiro do amigo José Mocelin logo impulsionaram a abertura de uma loja – pequena e modesta, mas com um bem sortido estoque de tecidos e miudezas.
Exatamente o que procuravam os fiéis fregueses da colônia, que vinham para a cidade vender seus produtos agrícolas e aproveitavam para fazer o "rancho": panos para confeccionar as roupas da família, lençóis, acolchoados, chapéus, meias e o lendário brim diamantino, tecido simples e resistente usado nas vestimentas dos colonos.
Aliás, mesmo proibidos de falar italiano durante a Segunda Guerra, muitos desses pioneiros clientes só sabiam expressar-se na língua mãe ou em dialeto. Era quando solicitavam aos atendentes itens como bombazina (algodão para lençol), calcete (meia), fil (linha) e straponta (acolchoado).
Mas logo logo esse perfil de consumidor mudaria, com o Prataviera abocanhando uma clientela cada vez mais urbana.
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A modernização da cidade no pós-guerra, a diversificação de produtos (camisas, gravatas, roupas para bebês e artigos de perfumaria) e o crescente aumento da freguesia motivaram a construção de um prédio próprio, que começou a tomar forma em 1953, na Av. Júlio de Castilhos, 2.030. A obra resultou em um edifício de sete andares e nove pavimentos - subdivididos em salas comerciais e apartamentos para moradia -, surgido em 1958.
Com traços modernistas, rampas e a funcionalidade típica dos anos 1950, a loja teve suas instalações projetadas pelo arquiteto Heitor Curra Filho - o mesmo dos lendários interiores da Casa Magnabosco.
Interiores da Loja Magnabosco nos anos 1950
No térreo, destaque para os tecidos, roupas masculinas, chapéus e miudezas. Na sobreloja, a galeria para as confecções femininas, perfumaria e o administrativo. Demarcando espaços, um caixa em formato oval. Agradando ouvidos e paladares, um pequeno café/bar, com sonorização a partir de uma eletrola. E para atrair os clientes, amplas e sedutoras vitrines.
Um clássico!
Atuação por área
No início, a área de atuação de cada diretor era bem definida: João Prataviera era o responsável pelas compras, Chico Alberti, pelas vendas. Já ao irmão Raymundo cabia percorrer localidades vizinhas com representações, incorporando-as à nova organização - José Mocelin, funcionário do Eberle, optara por não participar da administração direta.
Com o crescimento do negócio no decorrer dos anos 1940, a cota de participação de Mocelin é adquirida, e o jovem Ivo Bracagioli inicia na sociedade. É quando a casa passa a ter a razão social Prataviera Alberti e Cia. Já em 1964 esse nome muda para Comercial Prataviera Alberti S.A., com Ruy Prataviera somando-se ao grupo de diretores.
A galeria
A ampliação da área física começou a ser pensada nos anos 1960, quando a direção adquiriu terrenos da família Spinato na Rua Sinimbu. Já em 1971 surgiu a galeria, interligando a Av. Júlio e a Rua Sinimbu através da loja. E, após consolidar o perfil de loja de departamentos, o Centro Comercial Prataviera deu lugar ao Prataviera Shopping, inaugurado em 29 de julho de 1993.
Colaboração
Parte das informações desta coluna foi reproduzida da publicação Comercial Prataviera Alberti S/A, lançada em 1992, por ocasião dos 50 anos da loja. Os textos são de Liliana Alberti Henrichs, filha de Francisco Alberti.