Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
A cada novo aplicativo ou tecnologia que baixamos e adotamos, robôs, drones, etc., alguém fica desempregado ou uma profissão desaparece. Não podemos ser ludistas (movimento de 1811, contra a substituição da mão de obra humana por máquinas) porque os avanços vão continuar. E mais rápidos. Um grande desafio, que pode entrar na agenda do RS, é como reciclar, desenvolver novas habilidades em milhares de pessoas que perderam ou vão perder o emprego. Alguns defendem que a tecnologia mais cria oportunidades do que desemprega. Outros, o contrário. Os empregos que somem, geralmente, são pouco especializados e repetitivos. E os que surgem são altamente especializados.
Com a inteligência artificial (IA) e o big data, o número dos que vão ficar sem trabalho é grande. A distância de conhecimento entre o que some e o que surge é gigantesca. Seres humanos passam a ser vistos como problema e a tecnologia, como solução. A IA já está pegando advogados, diagnósticos médicos, motoristas, tradutores, call centers, contadores, nutricionistas, especialistas em finanças, secretárias, desenvolvedores de web, operadores de empréstimos, vendedores, telefonistas, caixas, corretores.
A lista é interminável. A competição entre máquina e homem é ingrata, pois a tecnologia acelera e baixa o custo de quase tudo. As empresas precisam ser incentivadas a criar novas tarefas nas quais os seres humanos tenham vantagens competitivas.
Um dos papéis da escola é promover a alfabetização digital para garantir que professores e alunos tenham acesso à tecnologia e ferramentas de aprendizado de baixo custo.
O papel dos governos é proporcionar amplo acesso à conectividade da internet e serviços da computação em nuvem, usando a tecnologia para melhorar as oportunidades aos que perderam empregos pela automação. É preciso desenvolver estratégias para alavancar as vantagens naturais de algumas regiões, disponibilizando tecnologias de ponta com rapidez aos empresários locais para que possam aumentar o número de empregos.
“As diferenças entre as nações ricas e pobres podem ser explicadas pela rapidez com que adotaram diferentes tecnologias”, diz o CEO da Microsoft Satya Nadella no seu livro Aperte o F5. Para ele, “o desinteresse dos governos em incentivar o uso rápido intensivo de novas tecnologias reforça a tendência em direção à crescente desigualdade econômica entre os ricos e os pobres do mundo... Nem todo mundo precisa inventar a roda, mas é preciso adotar rapidamente o uso da roda assim que ela for inventada, porque as sociedades que utilizam rapidamente as novas ferramentas tendem a ser mais produtivas”.