Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Martha Gabriel, palestrante e autora de livros sobre transformação digital, recomenda: “Para não ser substituído por um robô, não seja um robô”. A frase é ótima, e o conselho, também. Mas o que exatamente ele significa?
Antes de mais nada, não gaste seu tempo aprimorando a arte de fazer mais coisas em menos tempo. Você nunca será tão rápido quanto as máquinas que já fazem tudo numa velocidade instantânea. Também não pense que acumular informações de todos os tipos vai ser um bom caminho. Você nunca irá processar milhares de dados em nanossegundos, como já fazem os robôs mais rastaqueras. Logo ali na frente, essa capacidade de reter informações não terá valor nenhum. E, por incrível que pareça, também não vai adiantar ser mais inteligente, pois até isso já não será tão útil.
As inteligências artificiais já venceram o melhor enxadrista do mundo e dois recordistas de perguntas e respostas, além de superarem campeões do GO, o jogo chinês mais difícil do mundo. Em muitos lugares, softwares substituem trabalhadores e não apenas nas funções mais simples.
Mas, então, o que nos resta? Nos resta o óbvio: ser humanos. Daqui pra frente, não seremos substituídos por nenhuma máquina se nos dermos conta e praticarmos nossa humanidade. Solidariedade, gratidão, amparo, amor, desejo e empatia. Máquinas não têm família nem amigos. É justamente nisso, em ser cada vez mais humano, que você deve colocar seu tempo e seu coração. E quanto à mente, essa deve ser treinada na única habilidade em que jamais seremos superados por um robô: a criatividade. E isso ficou provado recentemente. As máquinas mais complexas e avançadas não conseguiram vencer um debate contra um mestre do argumento na Think Conference, que aconteceu há poucos dias em San Francisco (EUA). Porque num debate, mais do que ter muita informação ou ser rápido no gatilho, o que conta é convencer o público. Para isso, é preciso saber usar as emoções, os exemplos, as histórias. É preciso criatividade. A mesma criatividade que é apontada pelo Fórum Econômico Mundial, de Davos, como a terceira ferramenta mais importante para o futuro. Essa tal criatividade que um estudo do LinkedIn colocou como a mais importante habilidade para se destacar no mercado de trabalho nos próximos anos — e olha que eles mapearam 50 mil habilidades! Essa criatividade que alguém genial definiu como a imaginação com paredes. As paredes podem ser qualquer tipo e tamanho de desafio ou problema. Criatividade é para resolver problemas. E se todo mundo tem problemas, a criatividade é, sim, para todo mundo. Ao menos, para os humanos.