As eleições recentes foram um choque para quem ainda não percebeu que a revolução digital penetrou em cada poro da sociedade. Se varreu tantas formas tradicionais de mídias, extinguiu e alterou radicalmente profissões, por que não faria o mesmo com a política?
Podemos reclamar de tudo do nosso tempo, menos de monotonia. Uma das razões da agitação são os avanços tecnológicos acelerados da era digital. E não adianta não usá-los. Aqui vale o mesmo que se dizia na Europa a quem não queria ver o mau tempo se aproximando: não importa se não estás interessado na guerra, a guerra está interessada em ti.
Frente a isso, ou entendemos o que está acontecendo, ou seremos engolfados. Afinal, podes não ser curioso do assunto, mas a revolução digital é curiosa de ti, já sabe o que pensas, consomes e quer te influenciar ainda mais. Quem não se preparar será atropelado, ludibriado e manipulado.
A maior parte das inovações melhorou significativamente nossa vida. É uma experiência e tanto viver durante uma revolução tecnológica abrindo fronteiras impensadas. Assistir a mundos que desmoronam e outros que se erguem do nada. O preço é uma readequação eterna, o que gera um cansaço e um fastio e por isso nos questionamos dos benefícios, ainda que inegáveis.
Existe uma desproporção entre essa vivência e o quanto paramos para pensá-la. Não se trata só de filosofar em abstrato, já te perguntaste se a profissão que tens ou para a qual estás te preparando vai seguir existindo?
Imagine quem economizou para comprar um táxi. Este modelo de transporte ruma à extinção. Talvez sobrevivam se adquirirem algumas das vantagens dos aplicativos ao estilo Uber. A questão é qual será o próximo "táxi"? Que outros negócios vão ser substituídos ou terão que se reinventar para seguir?
A indústria fonográfica virou do avesso. Os bancos mudaram radicalmente. Os jornais estão em transformação constante. A propaganda flui por outros caminhos. Graças ao poder das redes sociais, uma pessoa, um produto ou uma corporação podem ser gravemente afetados por um erro ou descaso com a opinião pública.
Ou seja, é um assunto sério demais para ficar apenas com a opinião da comadre. Existem vários livros no mercado sobre o tema, mas ou são tecnorromânticos ou são tecnofóbicos. Os primeiros dizendo que a redenção da humanidade passa por essa nova tecnologia e os segundos anunciando a desagregação dos laços sociais pelo mesmo motivo. Ou, então, são para público iniciado.
Encontrei um livro interessante para leitores leigos: Sociedade.com, de Abel Reis (ed. Arquipélago). Não traz profecias nem flerta com o apocalipse. Usa casos que conhecemos e tira reflexões desapaixonadas e agudas. Como o autor é brasileiro, os exemplos são familiares. Recomendo como leitura de férias para quem sai por estes dias.