As pirâmides do Vale do Nilo, pela sua imensidão, deixam qualquer um atônito. O curioso é que em alguns suscita não uma prova do engenho humano, mas a dúvida de que a humanidade as tenha criado. Como se os egípcios fossem desqualificados para tanto. E já se torna prova de que os ETs nos visitaram.
Se hoje produzimos coisas extraordinárias, por que nossos antepassados não poderiam tê-las feito? Demasiado orgulhosos do presente tecnológico, subestimamos a sabedoria passada.
Um pouco de conhecimento histórico ajudaria. As inscrições do Osso de Ishango – do paleolítico africano, circa 20 mil anos – são uma calculadora rudimentar, mas demonstram raciocínio matemático já em caçadores-coletores.
O Pantheon, em Roma, tem uma cúpula circular de 43 metros de diâmetro. É feita de concreto não armado, sem aço na estrutura. Fechou dois milênios de duração, sem trinca ou infiltração.
O concreto romano era autocicatrizante. Quando abria uma fissura, a água reagia com o material interno e selava o que rachou.
Encontraram num navio grego afundado, primeiro século a.C., a depois chamada Máquina de Anticítera. Feita em bronze, era um complexo mecanismo de engrenagens, como um relógio cósmico, que previa a posição dos astros.
Poderia citar mais fatos incríveis do passado, mas não é apenas pelo desconhecimento histórico que invocamos força extra-humana. Esse movimento diz da nossa limitação técnica pessoal. Afinal, somos uns mimados, recebemos tudo mastigado.
Nossos antepassados recentes, bisavós, trisavós, tinham noção de como fazer uma casa, até porque muitos fizeram as suas. Suas roupas eram feitas em casa. Parte da comida era plantada, abatida e conservada pela família para os dias de escassez.
Quem é alienado da condição laboral perde a noção da criatividade, da capacidade de inventar novas formas, que reduzam o tempo e aumentem a eficácia de um produto, ou novas ferramentas para fazê-lo. Sem a noção do vir-a-ser de algo, certas coisas parecem impossíveis. Quando mãos inábeis enxergam a justaposição perfeita das pedras, nas edificações incaicas, não pensam numa tecnologia perdida, projetam sua incapacidade de imaginação fabril na raça humana.