Para quem está chegando agora no planeta, trago informações sobre a relatividade do tempo.
Quando te pedem um minutinho, ele dura cinco minutos do tempo contado pelo relógio.
Na mesma lógica, cinco minutos levam quinze minutos.
Dez minutos tornam-se vinte e cinco minutos.
Uma hora de espera dura, na verdade, duas horas.
Um trabalho planejado para uma semana leva duas semanas.
Quinze dias de prazo, na prática, equivale a um mês.
Cuidado com o diminutivo. Meia hora leva quase uma hora. Meia horinha é certamente mais de uma hora.
Não se trata da matemática comum. Usa-se a matemática aproximativa aleatória exponencial. Por exemplo: uma reforma de dois meses pode levar três, quatro, cinco, ou até nove meses.
Quando um técnico diz: amanhã passaremos aí, de certa forma está correto. Só não sabemos o amanhã referente a qual dia, no período médio dos próximos dez dias.
No caso de reuniões, seja de qualquer espécie, o primeiro ponto de pauta usa mais da metade do tempo. Gastamos este momento inicial como se fôssemos milionários da moeda tempo. Os presentes contam piadas, detém-se em pormenores, repetem argumentos. O segundo ponto da pauta é levemente mais sóbrio. Nos últimos quinze minutos, que é o que sobrou para os seguintes pontos da pauta, os assuntos são tratados com ultra objetividade e sem discussão.
Apesar do tempo planejado não bater com a realidade desde a construção da arca de Noé, nós seguimos usando o otimismo delirante do prazo curto, do tempo elástico.
Ninguém gosta do tempo, mesmo ele sendo substância de tudo que existe. Estamos eternamente de mal com ele. Afinal, é ele que nos envelhece, que esculpe para pior nosso corpo dia após dia, que contabiliza nosso prazo neste mundo.
Em uma brincadeira irônica, o escritor Douglas Hofstadter criou a lei que leva seu nome. Ela nos alerta para o fato dos prazos.
“É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter.”
Ou seja, se calcularmos um prazo, e levarmos em conta a sua lei - que diz que tudo leva mais tempo -, e então acrescentarmos este prazo extra, mesmo assim levará mais tempo que o previsto. Não há saída para nosso divórcio com o tempo.