Embora os exercícios físicos sejam muito associados à aparência, é para a saúde que trazem os maiores benefícios. E não só para o sistema imunológico ou para reduzir a pressão arterial: a prática também pode interferir diretamente na vida sexual.
A professora de educação física Daniele Cristine da Silva Gomes explica que, no caso das mulheres, os benefícios vão desde melhorar o condicionamento físico até facilitar o orgasmo. Se exercitar aumenta o fluxo sanguíneo, garantindo um sistema circulatório saudável, o que é essencial para a excitação.
— Nos homens, (a prática de exercícios físicos) ajuda na ereção e, nas mulheres, é fundamental para a lubrificação vaginal e para a sensibilidade do clitóris. E isso é essencial para o orgasmo — frisa ela.
Um estudo publicado no The Journal of Sexual Medicine em 2021 afirma que mulheres que têm disfunções sexuais e praticam até seis horas de atividade física por semana podem apresentar níveis mais altos de desejo, excitação e lubrificação do que as sedentárias.
Além disso, a pesquisa aponta que elas apresentam menor resistência nas artérias do clitóris, o que deixa a região com melhor fluxo sanguíneo e, por isso, tende a aumentar o prazer.
A professora de educação física explica também que a maioria dos estudos aborda a importância dos exercícios físicos para mulheres com disfunções sexuais. Nesses casos, os treinos semanais podem impactar, principalmente, a libido.
— Mulheres que têm disfunção sexual e que fazem trinta minutos de exercícios vigorosos três vezes por semana produzem melhorias clinicamente relevantes na função sexual. Particularmente, no desejo sexual.
Mais fôlego
Os treinos, sejam eles de musculação ou de cardio, também ajudam a desenvolver mobilidade e flexibilidade, além de melhor a respiração e o fortalecimento muscular. Esses fatores podem contribuir para aumentar o repertório das posições na hora de transar, diz a profissional.
— (O sexo) pode levar mais tempo, as mulheres podem ter menos dores, menos câimbras — elenca.
Autoestima em dia
Uma das grandes vantagens de praticar exercícios físicos é diminuir o estresse e a ansiedade. A educadora física explica que os hormônios liberados durante a prática, como serotonina e endorfina, aumentam a sensação de bem-estar e prazer. Por conta disso, os exercícios físicos também tendem a elevar a autoestima, fazendo as pessoas se sentirem mais atraentes.
— A pessoa que se sente bem com ela mesma, que não tem vergonha do corpo, se sente desejada. Então isso tudo reflete, sim, em uma vida sexual mais saudável — complementa.
Sexo é exercício físico?
Embora a relação sexual queime calorias, não é considerada um exercício físico. Daniele explica que pode ser entendida como uma atividade física moderada. Já a quantidade de calorias perdidas varia conforme o nível de esforço físico necessário, bem como a duração, a intensidade e o grau de dificuldade do ato.
— Os estudos que falam sobre gasto calórico relatam que o sexo pode provocar um gasto entre 100 e 130 calorias em adultos saudáveis, em média. Poderíamos comparar com uma corrida de velocidade de seis km/h, uma natação ou um remo estacionário.
Para melhorar a performance
A educadora física aponta que existem grupos musculares que, se exercitados, podem ser aliados para garantir uma relação sexual mais saudável. Para as mulheres, cuidados com o assoalho pélvico também fazem muita diferença.
Além disso, como a maioria das posições demanda a flexão da coluna lombar, é indicado que sejam incluídos abdominais para fortalecimento do core (conjunto da musculatura que fica na região central do corpo) e do abdômen nas rotinas de treinos. No caso das mulheres, a professora indica exercícios de abdução. Para ambos, é recomendado o exercício de rotação externa do quadril.
— O exercício da cadeira abdutora na academia, por exemplo, ou abdução do quadril deitado com a caneleira são algumas dicas (que ajudam na hora do sexo). Os agachamentos são muito importantes, principalmente o agachamento sumô — acrescenta.
*Produção: Jovana Dullius