A vida é dura para os trabalhadores do cinema — tanto os profissionais da área quanto os personagens.
Neste domingo, 1º de maio, o mundo celebra o Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador. A data lembra uma greve iniciada em 1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, com o objetivo de conquistar melhorias como redução da jornada — que chegava a ser de 17 horas diárias!
Para marcar a ocasião, fiz uma lista com 10 filmes disponíveis em plataformas de streaming. Os títulos vão de 1936 a 2021 e, como de hábito aqui na coluna, permitem fazer uma pequena volta ao mundo, passando por Argentina, Áustria, Brasil, China, Estados Unidos, Inglaterra e Itália. As histórias nem sempre são felizes, mas as obras, sim, são felizes em emocionar, despertar reflexões, retratar uma condição precária, mostrar aspirações.
Tempos Modernos (1936)
Em Tempos Modernos, o genial Charles Chaplin satiriza o sistema de produção das indústrias. Seu alter ego, o Vagabundo, consegue emprego de operário em uma fábrica e acaba se transformando em líder grevista. (Globoplay e Telecine)
Ladrões de Bicicleta (1948)
Em Ladrões de Bicicleta, um pai de família fica eufórico quando arranja emprego na cidade de Roma arruinada pela Segunda Guerra Mundial. Mas um dia seu instrumento de trabalho é roubado. Assinado por Vittorio De Sica, é um clássico do neorrealismo italiano. (Amazon Prime Video, Globoplay e Telecine)
Cabra Marcado para Morrer (1984)
Documentário do mestre Eduardo Coutinho sobre o assassinato de um líder dos trabalhadores rurais da Paraíba, em 1962, que teve as filmagens interrompidas em 1964, após o golpe militar — parte da equipe de produção chegou a ser presa sob a alegação de "comunismo". (Globoplay e Telecine)
À Procura da Felicidade (2006)
Em À Procura da Felicidade, filme de Gabriele Muccino ambientado na São Francisco dos anos 1980, Will Smith (indicado ao Oscar) aceita um estágio não remunerado em uma corretora da bolsa de valores na esperança de ser contratado e, assim, poder sustentar o filho pequeno — que é vivido pelo filho do próprio ator. É arrepiante. (HBO Max)
O Patrão: Radiografia de um Crime (2014)
Em O Patrão: Radiografia de um Crime, o argentino Sebastian Schindel acompanha o calvário do humilde e analfabeto Hermógenes, que assassinou o dono do açougue do qual era, simultaneamente, gerente e escravo. O filme é baseado em uma história real e deu ao ator Joaquín Furriel prêmios nos festivais de Guadalajara, no México, e Huelva, na Espanha. (Netflix)
Que Horas Ela Volta? (2015)
Em Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, Regina Casé encarna uma personagem típica dos lares brasileiros mais abastados: a empregada doméstica. No papel de Val, ela é "da família", mas quando sua filha (Camila Márdila) chega de Pernambuco para prestar vestibular, a garota começa a questionar a desigualdade social e acontece uma necessária ruptura. As duas atrizes ganharam um prêmio especial no Festival de Sundance e o filme recebeu dois troféus na mostra Panorama do Festival de Berlim, além de ter sido eleito um dos cinco melhores estrangeiros da temporada pela National Board of Rewiew, a associação estadunidense de críticos. (Globoplay e Telecine)
Você Não Estava Aqui (2019)
Em Você Não Estava Aqui, um pai de família resolve ser patrão de si mesmo e vira motorista de uma empresa que faz entregas do comércio digital. O diretor inglês Ken Loach pinta um retrato aterrorizante da precarização do trabalho. (Globoplay e Telecine)
O Chão Sob meus Pés (2019)
Em O Chão Sob meus Pés, a diretora austríaca Marie Kreutzer examina a pressão exercida sobre as mulheres nos ambientes corporativos. A protagonista é uma consultora de negócios que está sempre no aeroporto, rumo à próxima empresa onde vai atuar para a redução de custos e de pessoal, e que convive com segredos: esconde seu relacionamento com uma superior e, sobretudo, a existência de uma irmã mais velha, que é esquizofrênica. (Filmicca)
First Cow: A Primeira Vaca da América (2020)
Para, primeiro, sobreviver e, se possível, prosperar no Oregon de 1820, um padeiro e um imigrante chinês precisam se unir, ser criativos e produtivos e desafiar o patronato/a elite local — personificados no Chief Factor, personagens capaz de defender as "recompensas financeiras advindas da punição corporal a empregados indolentes". O filme da diretora estadunidense Kelly Reichardt foi eleito o melhor da temporada 2021 pelos críticos da revista francesa Cahiers du Cinèma. (MUBI)
Ascensão (2021)
Foi um dos cinco indicados ao Oscar de melhor documentário. Estadunidense de mãe chinesa, a produtora e diretora Jessica Kingdon estreia no comando de um longa-metragem com este filme observacional e impressionista — não há entrevistas nem narrações.
Ela viajou por 51 locações na China para filmar cenas cotidianas, estruturadas em três temas: trabalho, consumismo e lazer. Em uma jornada visual fascinante, Ascensão demonstra o progresso econômico e a divisão de classes cada vez maior. Começa com as hordas de trabalhadores buscando empregos de baixa remuneração. Depois veremos, entre outros cenários, a linha de montagem de bonecas sexuais de última geração, um curso de boas maneiras nos negócios, escolas de guarda-costas e de mordomos e um imenso e lotadíssimo parque aquático. (Paramount+)