Como já contei na coluna, o Grupo Gerdau tem origem em uma fábrica de pregos em Porto Alegre. Em 16 de janeiro de 1901, João Gerdau adquiriu a Companhia Fábrica de Pregos Pontas de Paris, fundada dez anos antes na Rua Voluntários da Pátria. Em visita ao Museu Histórico Municipal de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, localizei um antigo mostruário dos pregos ponta de Paris. O material de divulgação dos produtos pertencia ao Armazém de Secos e Molhados de Alfredo E. Rübenich, no bairro Travessão, em Dois Irmãos.
O livro Chama Empreendedora: a história e a cultura do Grupo Gerdau lembra que os pregos ponta de Paris, finos e de cabeça chata, chegaram a Porto Alegre em meados do século 19, importados junto com os perfumes e os tecidos franceses. Eles substituíram os toscos pregos lusitanos.
Johannes Heinrich Kaspar Gerdau, que no Brasil virou João, chegou em 1869. Inicialmente, estabeleceu uma venda no Morro Pelado, em Agudo, na Região Central do Estado. Morou também em Cachoeira do Sul antes de ir com a família para Porto Alegre, em 1893, por insistência da esposa Alvine Maria. O casal já tinha três filhos: Hugo, Walter e Bertha.
Em 1901, Gerdau comprou a fábrica que não estava apresentando os resultados esperados pelos 70 fundadores, grupo formado por industriais, comerciantes, fazendeiros e militares. A razão social da firma foi alterada para João Gerdau, mas seria substituída dois anos depois para João Gerdau & Filho.
Hugo Gerdau já administrava a fábrica, que teve o seu comando por quase quatro décadas. João Gerdau continuou cuidando de projetos imobiliários no interior e outros negócios. Em 1916, pouco antes do falecimento do fundador, a firma trocou a razão social para Hugo Gerdau, que assumiu plenamente o controle.
O arame usado para produção de pregos era importado da Europa e dos Estados Unidos. Chegava a Porto Alegre todo enferrujado. Depois de limpo, entrava nas máquinas que produziam os pregos. Movido a lenha, o locomóvel garantia a energia necessária para o funcionamento das máquinas importadas.
Na década de 1930, uma filial foi aberta em Passo Fundo. Hugo faleceu em fevereiro de 1939, em Porto Alegre. Pouco antes, trocou o nome da empresa para Fábrica de Pregos Hugo Gerdau Ltda.
Em 1946, o genro Curt Johannpeter assumiu a direção da empresa, transformada em sociedade anônima no ano seguinte. Com o novo comando, em 1948, ocorreu a entrada na siderurgia, após aquisição da Siderúrgica Riograndense, instalada na capital gaúcha.
Em 1952, a fábrica de pregos deixou o ponto original na Rua Voluntários da Pátria, na esquina com Rua Garibaldi, e foi para a Avenida Farrapos. No final daquela década, em 1959, a Fábrica de Pregos Hugo Gerdau S.A. passou a ser chamada Fábrica Metalúrgica Hugo Gerdau S.A.
De quando é o mostruário dos pregos? Possivelmente, década de 1920. Na placa, consta o nome da firma Kraemer & Kroeff, de Porto Alegre. Localizei citações referentes à casa comercial em jornais do início da década de 1920.