Leandro Staudt

Leandro Staudt

Desde o ano 2000 na Rádio Gaúcha, é apresentador do programa Gaúcha+. Sempre curioso sobre a vida no passado, o jornalista adora boas histórias. Na coluna em GZH traz curiosidades sobre fatos, lugares, empresas, produtos e pessoas.

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Lembranças do cinema do Menino Deus; veja fotos

Estacionamento ocupa a gigante sala do Cine Marrocos, fechado em 1994

Leandro Staudt

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Durante 41 anos, o Cinema Marrocos foi ponto de diversão, encontro de amigos e namoro no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Inaugurado em 26 de setembro de 1953, ficava na Avenida Getúlio Vargas, quase na esquina da Rua José de Alencar. Na época, mais de 30 cinemas ofereciam filmes no Centro e nos bairros.

O Cine Marrocos abriu uma sala confortável e espaçosa, com mais de mil lugares. No Jornal do Dia, sem esconder o descontentamento por não receber convite para a inauguração, o colunista Humberto Didonet descreveu o cinema com "arrojo nas linhas arquitetônicas, estilo funcional, decoração originalíssima, potente maquinária de projeção, ar condicionado e acústica perfeita". Classificou como o "mais bonito cinema da cidade", deixando infinita distância de algumas "arapucas" da Rua da Praia.

O filme de estreia foi Somos Todos Assassinos (André Cayatte, 1952). Nos primeiros dias, o Marrocos oferecia apenas duas sessões à noite, às 19h30 e 21h30.

Como outras salas, o espaço não foi exclusivo para filmes. O palco em frente à tela recebeu peças de teatro, programas da Rádio Farroupilha e, na década de 1960, até formatura de alunos do curso ginasial da Escola Estadual Inácio Montanha.

Em 1964, foi inaugurado o "novo" Cine Marrocos. Em propaganda de meia página no Diário de Notícias, a manchete foi "Cine Marrocos: comodidade para você, segurança para seu carro". Apresentado como diferencial em relação aos concorrentes, ao lado do prédio, abriu um estacionamento. Na época, mais famílias conquistavam o primeiro carro.

O cinema fechou na década de 1990. Em 30 de junho de 1994, reportagem de Zero Hora anunciava que o Marrocos realizaria a última sessão naquela quinta-feira. O filme em cartaz era Jamaica Abaixo de Zero. Em foto publicada no jornal, o letreiro da fachada já estava sem parte das letras, relevando a decadência. Entre os motivos para o fechamento estavam a perda de público para as salas de shopping e o custo das obras exigidas pela prefeitura para melhorar a segurança contra incêndios. No mesmo dia, também fecharam os cinemas Capitólio e São João. 

Em 1994, era planejada a construção de shopping após a demolição do Marrocos. O projeto não saiu do papel. No prédio do antigo cinema, funcionam atualmente uma farmácia Panvel, uma barbearia e um estacionamento, que mantém o teto original do Cine Marrocos. O palco e o espaço da plateia são ocupados por carros. 

A proprietária do GTA Estacionamento e Garagem, Giovana Silveira, conta que quase todas as semanas aparecem antigos frequentadores para relembrar do cinema. Em alguns casos, levam filhos e netos para mostrar o local onde um dia se divertiram.

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