Os porto-alegrenses tiveram no final de 1896 o primeiro contato com o cinematógrafo. Nos anos seguintes, outros aparelhos exibiram as fascinantes imagens animadas. Os empreendedores, na maioria estrangeiros, chegavam à cidade para temporadas. Montavam os equipamentos em diversos locais, desde a Praça de Touros até o Theatro São Pedro. A primeira sala fixa de cinema foi inaugurada em 20 de maio de 1908. O Recreio Ideal ficava na Rua dos Andradas, em frente à Praça da Alfândega, denominada na época como Praça Senador Florêncio.
A sessão inaugural reuniu convidados e imprensa. O jornal A Federação descreveu o local como bem localizado e com comodidade para os espectadores. As exibições foram acompanhadas por uma pequena orquestra. As imagens não eram de "uma nitidez e de grande originalidade", mas também não foram consideradas inferiores às apresentadas por outros aparelhos já usados em Porto Alegre.
O público assistiu às imagens do funeral do rei português Carlos I e do príncipe herdeiro Luís Filipe de Bragança, assassinados em fevereiro de 1908 em Portugal. Outra gravação mostrou a chegada do secretário de Estado norte-americano Elihu Root ao Rio de Janeiro. O político esteve na capital brasileira em 1906, em uma visita rara para a época.
Nas propagandas depois da estreia, o Recreio Ideal prometia que em breve apresentaria imagens da reforma do Rio de Janeiro. As sessões eram diárias, às 18h30 e às 23h, além da matinê das 15h às 16h. Nos domingos e feriados, os "espetáculos" da tarde eram das 14h às 17h. As cadeiras de primeira classe custavam o dobro das "ditas" de segunda. O proprietário da primeira sala de cinema foi o espanhol José Tous, representante de uma empresa de equipamentos cinematográficos.
O Recreio Ideal mudou de direção e endereço ao longo do tempo, mas sempre na Praça da Alfândega. Os último anúncios da programação do cinema no jornal são de 1916.
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