As corridas de cães, hoje proibidas, já foram atração em Porto Alegre. O canódromo foi aberto na Exposição Farroupilha de 1935, no Parque da Redenção. O jornal A Federação anunciou com destaque a chegada do "desporto dos reis e da aristocracia da Inglaterra, da verdadeira elegância nos demais países da Europa e da América". Em 3 de novembro de 1935, desembarcaram na capital gaúcha 77 cães galgos vindos de Buenos Aires. Um dos animais, de nome Bird Of The Tempest, fugiu na chegada ao parque e foi oferecida uma recompensa para quem o encontrasse. O plantel em exposição no canil chegaria a 200 cachorros.
O Farroupilha Canis Clube foi fundado exclusivamente para as corridas com apostas na exposição do centenário da Revolução Farroupilha. O diretor técnico era E. Zimmermann, apresentado como organizador de canódromos na Europa, América do Norte e, pouco tempo antes, em Montevidéu. Com arquibancadas e pista, o pavilhão foi construído em frente ao Colégio Militar, nos fundos do espaço das indústrias do Rio Grande do Sul. O canódromo era todo iluminado e um carrinho elétrico conduzia a lebre, usada para atrair os galgos. A inauguração ocorreu na noite de 22 de novembro, com presença de autoridades e da alta sociedade. O público em geral só pôde entrar na noite seguinte.
As corridas de galgos foram comparadas ao turfe, já muito popular em Porto Alegre. As propagandas apresentavam como "o esporte das damas elegantes e o esporte de maior atração mundial". A Exposição Farroupilha terminou em janeiro de 1936.
A forma como a maior parte da sociedade lida com a corrida de cães mudou ao longo das últimas oito décadas. Em 2021, o governador Eduardo Leite assinou decreto e a Assembleia Legislativa aprovou projeto proibindo corridas de cães no Rio Grande do Sul. A proibição veio após exibição da reportagem do jornalista Giovani Grizotti no programa Fantástico. A equipe da RBSTV flagrou cães galgos em situação de maus-tratos e abandono em canchas de cidades como Quaraí, Uruguaiana, Santana do Livramento e Bagé.
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