Em momento já com a concorrência das telenovelas, o Cine Astor foi inaugurado no bairro Floresta, em Porto Alegre. No prédio do antigo cinema e teatro Orpheu, a primeira sessão ocorreu em 6 de setembro de 1968, com o filme Grand Prix, dirigido por John Frankenheimer. A ascensão da televisão não impediria o sucesso e a lotação da sala nos anos seguintes. A fachada do cinema, na Avenida Benjamin Constant, ficava cheia de cartazes dos filmes, uma característica inesquecível antes das salas nos shoppings.
O Astor recebeu moderna aparelhagem de 70 mm - rara na cidade - e seis faixas de som. Ele pertencia à empresa Cine Teatro Rex S.A., que também administrava na época os cinemas Rex, Cacique, Coral e Ritz. Eu não conheci o Astor em atividade, mas o meu colega Luciano Périco, o Lucianinho, cresceu no 4º Distrito e frequentou a sala na década de 1980, assistindo a clássicos como E.T. O Extraterrestre, Gremlins e Indiana Jones e o Templo da Perdição.
- Era um cinema de primeira linha, que passava sempre os lançamentos. Na entrada, tinha a bomboniere. O som era muito bom, talvez um dos melhores de Porto Alegre. Tela grande. A bilheteria ficava primeiro no lado de fora, e depois colocaram para dentro - relembra Lucianinho.
Se uma longa fila ocupava a calçada, era a certeza de um sucesso na tela. Quando foi aberto, em 1968, jornais da cidade anunciavam a programação de 33 cinemas de rua no Centro e nos bairros. Cinemas que estão na memória dos antigos frequentadores, como Victória, Cacique, Imperial, Guarani, Rex, Capitólio, Avenida, Roma, Castelo, Baltimore, Coral, Vogue, Ipiranga, Colombo, Presidente, Rosário e Ritz.
O Cine Astor fechou as portas em 1993. O jornalista Cristiano Zanella, autor do livro The End - Cinemas de Calçada em Porto Alegre, recorda que outros seis cinemas da empresa Cine Teatro Rex encerraram atividades no ano seguinte.
O imóvel de 1923, que abrigou os cinemas Astor e Orpheu, foi projetado e construído pelos irmãos Eduardo e João Luiz Pufal. Na Avenida Benjamin Constant, é possível voltar ao passado observando a fachada restaurada, em trabalho coordenado pelo arquiteto Lucas Volpatto. Na parte de trás, foi construído um edifício, ocupado pelo Hotel Moov, inaugurado em 2021.
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